Há nove anos viajei com a Cã para o Peru. Foi uma viagem incrível, apesar de alguns nauseantes detalhes. Coisas bobas, tipo não conseguir respirar, comer ou beber água durante quatro dias a tres mil e trezentos metros de altitude, na maravilhosa cidade de Cuzco. Naquela oportunidade, conhecemos também Macchu Picchu, Lima e a região de Paracas e Ica – o que compensou um pouco o estado vegetativo trazido pela soroche.
Gostamos tanto da viagem que resolvemos repeti-la, nove anos depois. Menos a parte de Cuzco, porque, bom, porque a gente é teimoso, mas valorizamos nossa liberdade respiratória e cardíaca. E como não poderia carregar todos meus whiskies comigo, resolvi escolher um companheiro de viagem etílico. A decisão foi fácil – logo no aeroporto comprei um Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch. Um single malt polivalente e muito saboroso, perfeito para uma pletora de situações, como aquelas proporcionadas por essas incríveis viagens internacionais.
O Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch é o mais sofisticado dos maltes da linha Master Distiller’s Reserve da The Glenlivet, vendida exlcusivamente no travel retail – os nossos conhecidos freeshops. Além dele, há a versão de entrada, o Master Distiller’s Reserve original, e uma versão intermediária, que parte da maturação ocorre numa solera vat – um enorme tanque de madeira, que nunca é totalmente esvaziado.
A maturação do Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch é um tanto misteriosa. De acordo com a destilaria, é uma “combinação de ex-jerez, carvalho americano e carvalho tradicional“. O que, traduzindo, significa que o wisky passa por barricas de carvalho americano de ex-bourbon, carvalho europeu de ex-jerez e – pausa dramática para algo bem inusual – barricas de carvalho virgens. O tipo de carvalho destas últimas não é divulgado, porém, este Cão suspeita que seja europeu.
Pouco se sabe sobre os detalhes da maturação do Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch. Seu tempo de envelhecimento e a proporção exata das barricas não é divulgada. Muito provavelmente, porque varia de lote para lote, para padronização. O que se sabe é que a proporção de barricas de primeiro uso é maior do que nas demais expressões da linha. O que é ótimo. Barricas de primeiro uso transferem compostos responsáveis por certos aromas e sabores mais rapidamente para o whisky, aumentando a influência da madeira e os tornando mais intensos, na maioria dos casos.
Tive bons dez dias para me acostumar com os sabores e aromas do whisky. Sensorialmente, o Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch traz um interessantíssimo sabor de café, com amargor e especiarias em evidência. Há um residual cítrico, bastante discreto, mas excelente. É um whisky muito fácil de ser bebido e sensorialmente bem acessível. O álcool, a 40%, é pouquíssimo sentido – e, na opinião deste canídeo, poderia até mesmo ter percentual mais elevado, o que tornaria o whisky mais intenso.
Se você gosta de whiskies frutados e amadeirados, com excelente drinkability, o Glenlivet Master Distiller’s Reserve Small Batch é seu whisky. Ele é perfeito para acompanhá-lo em qualquer viagem, e se sai bem nos mais variados ambientes – de um ensolarado e cálido dia numa bela praia até um dia frio numa bela paisagem montanhosa. Mas se este for o caso, siga o conselho deste Cão – certifique-se antes que há ar suficiente para respirar.
GLENLIVET MASTER DISTILLER’S RESERVE SMALL BATCH
Tipo: Single Malt sem idade definida
Destilaria: Glenlivet
Região: Speyside
ABV: 40%
Notas de prova:
Aroma: frutado e adocicado, com café e laranja.
Sabor: frutado e amargo com um certo aroma torrado que lembra café. Final longo e progressivamente cítrico e carregado de baunilha.
Disponibilidade: Duty Frees. Preço médio de US$ 150,00 (cento e cinquenta dólares)
Tenho que vergonhosamente admitir que ainda não provei nenhum Glenlivet, mestre. Eis ai uma excelente oportunidade, apesar de ter um alto interesse no “Nadurra Oloroso”.
Achei interessante o sabor de café, ainda mais tendo em vista meu leve vício em cafeina. (Tive que substituir o whisky, pelo menos no horário do serviço hahaha.)
Abraço e mais uma vez agradeço muito o retorno no e-mail!
Mestre, e é bem café mesmo. Um café com leite, mas muito melhor que café com leite…rs
Nadurra Oloroso é excepcional. Prove!
Boa tarde cão!… Gostaria de saber, qual a diferença entre os três?
Arthur, basicamente, o tempo de maturação dos componentes e a quantidade de barricas de ex-jerez de primeiro uso. A versão intermediária também passa por uma maturação extra em uma solera. A versão de entrada é mais adocicada e frutada. A versão mais cara – este – é mais vínico e amadeirado. O do meio é spicy.
Comprei dois desta linha master em uma viagem a Aruba, sabia que não me arrependeria pois adoro todos da Glenlivet. Parabéns pelo Post!
Abraço
Este whisky é muito bom. Provei as 3 versões, percebi alguma diferença entre elas mas nada tão extraordinário. É um whisky com sabor encorpado com terminação de média pra longa excelente para degustar uma dose por um longo período. Recomendaria a versão de entrada (caixa preta) para quem não o tomou ainda, pois seu valor geralmente está consideravelmente abaixo das outras duas versões. Comprei no free shop do aeroporto de porto alegre 26/11/2019 numa promoção por USD 44,50/garrafa.
Gostaria de parabenizá-lo pelo seu trabalho Sr. Cão, foram muitas as vezes que me ajudastes a decidir da compra de um whisky que nunca havia provado. Quem sabe um dia tenha o prazer de conhecê-lo pessoalmente e degustarmos um bom whisky . Grande abraço!
Opa, fala Rafael!
Gosto bastante do rotulo de entrada. Para te ser absolutamente sincero, meu preferido da linha é o segundo – O Solera Matured. É mais aberto, mais frutado que o mais sofisticado. Menos delicado, mas desde quando isso é um defeito, né?
E obrigado pela mensagem, adoro saber que estamos prestando um serviço de tamanha valia!! 🙂
Prezado Cão,
Concordo com você. O Solera (versão do meio) é minha preferida. Acho ela melhor que o tão ostentado Blue Label por exemplo.
Recomendei a versão de entrada para o outro amigo considerando seu preço. Mas sem dúvidas a versão do meio é a melhor ao meu paladar.
Prefiro os whiskys menos “delicados” também.
Ab