Preciso confessar para vocês uma pequena vitória, que acabei de notar. Já estamos em dezembro, e, até agora, não fui convocado para nenhum amigo secreto. Isso é uma novidade para mim, porque, todo ano, alguém que eu não vi desde o ano anterior, me chama para um convescote desses. Além de ser um evento fastidioso, tem o presente. Eu sempre dou presente bom, e sempre ganho um vaso, ou um perfume. E eu raramente uso perfume, porque atrapalha na degustação de whisky.
E aí a turma diz que eu sou difícil de agradar. Eu sou a pessoa mais fácil do mundo. É só dar qualquer coisa alcoólica. Esse negócio de muito whisky não existe. É sempre bom ter mais um. Ou algo de cozinha. Uma faca, por exemplo. Sempre tem utilidade para mais uma faca lá em casa, nem que seja esfaquear o miserável que me deu um vaso no ano anterior.
Mas a verdade é que eu fiquei um pouquinho preocupado com essa ausência de amigo secreto. De certa forma, é libertador. Mas, por outro lado, pode significar que não tenho mais amigos. Ou que cheguei naquela idade em que todos nossos relacionamentos sociais arrefecem, e a gente não é mais importante pra ninguém. Ou talvez meu comportamento nos amigos secretos dos anos anteriores tenha sido tão terrível que fui premiado com minha exclusão. A verdade é provavelmente uma amálgama dos três.
E ainda que eu tenha escapado – quiçá por (de)mérito – do amigo secreto, o Natal e o Ano Novo estarão aí, com certeza. E com eles, duas inevitabilidades: espumante e calor. Todo dezembro, em algum momento, você vai beber espumante num calor de trinta e cinco graus. Este ano, portanto, resolvi inovar. Busquei um coquetel que leve champagne e whisky ao mesmo tempo. E me deparei com o agradável – mais do que amigo secreto – Live Free or Die.
O coquetel foi criado por Joaquin Simo, e figurou no clássico da literatura etílica Death & Co. A razão do nome, entretanto, é um mistério. Provavelmente Simo se inspirou no Remember the Maine, que possui ingredientes similares, e resolveu dar um nome histórico-exclamativo para a mistura. Para quem não sabe – eu não sabia – “Live Free Or Die” é o lema oficial do estado norte-americano de New Hampshire, e foi inspirado numa carta de um certo general John Stark.
O Live Free or Die leva bourbon whiskey, cherry heering, vinho do porto ruby, absinto e champagne, ou espumante. Não é exatamente um coquetel leve. E sua aparente refrescância por conta das borbulhas esconde uma potência alcoolica perfeita para encarar qualquer festa de final de ano. É um coquetel levemente adocicado, também. Assim, a escolha do espumante é importante. Vá de algo bem seco, para equilibrar o drink.
De acordo com o website Tuxedo No.2, a receita original pede porto ruby, mas sugere também o uso de vinho madeira. Sinceramente, para o gosto deste Cão, quaisquer das opções tornará o coquetel demasiado doce. A sugestão – talvez polêmica – seja a substituição por porto branco seco. Taylor’s Chip Dry foi o usado, com resultados maravilhosos.
E aproveitando o assunto das trocas, o absinto – que é sempre um problema no Brasil – pode ser substituído por pastis. No caso, Ricard. Por conta de sua paleta de ingredientes, o Live Free or Die permite uma miríade de alterações. Testar algumas variações durante alguma reunião familiar certamente melhorará o humor de todos.
Então, caros leitores, peguem suas cadernetas que ganharam no amigo secreto do ano passado, junto com aquele lápis do Mickey e tomem nota. O Live Free or Die!
LIVE FREE OR DIE
INGREDIENTES
- 45ml Bourbon Whiskey (este Cão usou 1792)
- 15ml Cherry Heering
- 15ml Porto branco seco (Taylor’s Chip Dry)
- 1 dash de absinto
- espumante seco “extra brut”
- Parafernália para bater
- taça coupe ou de champagne
PREPARO
- Adicione todos os ingredientes (menos o espumante) em uma coqueteleira e bata com bastante gelo. Ou adicione o espumante junto, vai ser divertido ver os fogos do ano novo antecipados!
- Desça na taça de sua escolha e complete com o espumante
- decore com um zest de limão siciliano ou uma cereja maraschino de verdade, não de chuchu.
Fala Maurício bom dia.
Opa, vou testar.
Parece uma boa alternativa para aguentar as festas de natal, hahaha.
Faço aniversário dia 23/12.
Em geral abro os trabalhos dia 23 e vou até dia 25/12.
Esse ano estava pensando em abrir um Talisker 10 no almoço e pós jantar um Boulevardier.
Porém o coquetel parece uma melhor alternativa.
Abç forte.