Curso Avançado de Whisky – Whisky Academy

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Quer aprender um pouco mais sobre whisky? Então conheça a primeira edição do Curso Avançado de Whisky, da Whisky Academy.
 
A ideia do curso é fornecer ao participante um panorama sobre a bebida, incluindo métodos de produção – destilação, influência dos diferentes tipos de carvalho, cereais utilizados na produção e seu impacto no produto final – origem da bebida, história, coquetéis com whisky, legislação (brasileira e internacional) dentre outros assuntos.
 
Além disso, serão degustados, conforme os padrões estabelecidos pela Wine and Spirits Education Trust de Londres, 24 (vinte e quatro) rótulos, incluindo blended whiskies, single malts com e sem idade, rye whiskeys, bourbons e tennessee whiskeys. O participante também terá a oportunidade de experimentar alguns rótulos que não estão disponíveis no mercado brasileiro.
 
A equipe de professores é formada por alguns dos melhores especialistas em whisky no Brasil como: Cesar Adames, professor pela Wine and Spirits Education Trust de Londres (WSET) e com mais de vinte anos de experiência no mercado de destilados, Alexandre Campos, formado também pela WSET, reconhecido como um dos maiores especialistas em whisky no Brasil pela publicação internacional Malt Whisky Yearbook, e Maurício Salvi, criador e apresentador do canal Maurício Salvi no Youtube, especializado em prova de whiskies.
 
Eles também convidaram este Cão – formado pela WSET e com cursos e degustações em destilarias como The Macallan e Glenfiddich – para fazer parte do time, que terá o prazer de apresentar-lhes um módulo sobre blended whiskies.
 
Serão, ao todo, quatro dias de aula, totalizando carga horária de dez horas. O curso se realizara na Casa do Porto Vinhos Finos, sempre às segundas-feiras, nos dias 29 de novembro, 05, 12 e 19 de dezembro.
 
O valor do curso é R$ 995,00 (novecentos e noventa e cinco reais) para pagamento à prazo ou cartão, ou R$ 895,00 (oitocentos e noventa e cinco reais e cinquenta centavos) para pagamento à vista no boleto bancário.
Interessou? Então garanta sua vaga clicando aqui.

Bloqueio – Whyte and Mackay 13 (The Thirteen)

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Essa semana estava sem imaginação para um novo texto. Observava, com olhar fixo, a página em branco do documento à minha frente, enquanto percorria em minha mente tudo aquilo que já tinha visitado neste blog.  Não sabia que whisky reveria, e, pior, não tinha a mais rasa ideia de como introduzi-lo.

E enquanto me esforçava para pensar em qualquer coisa que pudesse ser minimamente usada em um texto, veio-me uma frase que é comumente atribuída a Hemingway. Escreva bêbado, edite sóbrio. Concluí, com certo entusiasmo, que era aquilo que precisava. Beber um whisky, que me ajudaria a escolher o whisky que beberia – e escreveria – em seguida.

Uma visita a dispensa. Lagavulin. Ardbeg. Glenfarclas. Nada disso. Enquanto pensava, precisava de algo mais leve. Algo que pudesse beber despreocupado, e que me auxiliaria a refletir e lubrificasse minha mente. Algo despretensioso, mas que me estimulasse a tomar o próximo gole quase involuntariamente.

O escolhido logo brilhou para mim. Um Whyte and Mackay 13 anos. Em um copo baixo, logo servi uma generosa dose. Afinal, caso tivesse que me levantar da cadeira novamente para completar o copo, poderia perder a concentração. Melhor pecar pelo excesso.

Né?
Né?

Com o primeiro gole, comecei a pensar. Talvez pudesse fazer uma prova sobre algum single malt relacionado àquele blended whisky. Afinal, em seu coração estavam Fettercairn, Tamnavulin e Dalmore. Esta última, uma das mais respeitadas destilarias de toda a Escócia, famosa por produzir edições exclusivas caríssimas, maturadas em alguns dos melhores barris à disposição no mercado.

Meus pensamentos começaram a perder o foco. Recordei sobre a maturação do Whyte and Mackay 13. Na verdade, a dupla – ou melhor, tripla – maturação, algo bem incomum no mundo dos blended whiskies. É que primeiro os single malts – já maturados – são reunidos e transferidos para barricas de carvalho europeu que antes contiveram vinho jerez. Depois, essa mistura é retirada e o whisky de grão é adicionado. Por fim, o blend sofre uma segunda maturação – ou terceira, considerando os single malts – naquelas mesmas barricas de carvalho europeu.

Me perdi um pouco na divagação. Lembrei que o Master Blender, responsável pela criação e pela qualidade dos Whyte Mackay é Richard Paterson, mais conhecido como “The Nose” (O Nariz). Ri ao recordar que há uma apólice de seguro sobre seu nariz, no valor aproximado de 2,5 milhões de libras, pelo Lloyd’s Bank of London.

Tudo isso?
Tudo isso pelo meu nariz?

Mais um gole para retomar as rédeas da minha imaginação. História. Talvez pudesse contar alguma história, para introduzir certo whisky. Uma que fosse interessante, clássica, como a da Whyte & Mackay. Originária da Allan & Poynter, empresa sediada em Glasgow e gerenciada por James Whyte, em 1844. Ele e Charles Mackay comercializavam e armazenavam whiskies, eventualmente trocando barricas entre si. Isso teria culminado na parceria entre os dois, e o lançamento de seu próprio rótulo de blended whisky, o Whyte & Mackay Special, em 1882.

Pensando bem, não, nada de história. Dessa vez, eu escolheria pelo preço. Reveria um whisky cujo custo benefício fosse bom, ainda que não fosse exatamente uma pechincha. Como, por exemplo, o Whyte and Mackay 13 que estava tomando. Duzentos e deis reais, na média, por uma garrafa de um litro.

O derradeiro gole. Observava o fundo do copo com olhar fixo, enquanto percorria em minha – já um pouco obnubilada – mente qual finalmente seria o whisky a ser revisto. Mais uma visita à dispensa. Mortlach, Glen Scotia, Ledaig. Não, nada daquilo também. O que queria mesmo era aproveitar minha tarde sossegado, na companhia de uma boa garrafa de whisky.

Com certo esforço, alcancei novamente o Whyte and Mackay 13. Puxa, que blend interessante. Outro dia, talvez poderia escrever uma prova sobre ele. Quem sabe.

WHYTE AND MACKAY 13 (THE THIRTEEN)

Tipo: Bended Whisky com idade definida – 13 anos

Marca: Whyte & Mackay

Região: N/A

ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: chocolate, frutas vermelhas, cítrico (limão siciliano), pão.

Sabor:  Leve, adocicado, frutado. Especiarias, com final progressivamente mais adocicado. Sensação do álcool é surpreendentemente suave para um blend de sua idade.

Com água: A água reduz o sabor adocicado, e deixa o sabor de frutas mais pronunciado.

Preço médio: R$ 210,00 (duzentos e dez reais)

O Cão Farejador – Blanton’s

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Este Cão, sempre preocupado que seu público beba melhor, resolveu criar aqui um serviço de utilidade pública. O Cão Farejador. A ideia é trazer de vez em quando – ou seja, sem nenhuma periodicidade e quando der – notícias sobre garrafas incomuns, raras ou indisponíveis no Brasil, que, por sorte ou destino, este Cão encontrou ao visitar certo bar ou restaurante.

Assim, você, leitor, terá a oportunidade de experimentar, por conta própria, coisas que provavelmente não imaginaria que estivessem tão próximas. Principalmente se você morar em São Paulo, quartel-general deste canídeo blog.

E a primeira garrafa a ser apresentada nesta ilustre seção é o Blanton’s Special Reserve. Um bourbon whiskey com 40% de graduação alcoólica, disponível no Bar Cateto Pinheiros. Pouquíssimas garrafas restaram de uma importação feita oficialmente há mais de uma década. E o pessoal sempre diligente do Cateto conseguiu colocar as mãos em alguns destes belos exemplares.

O Blanton’s Special Reserve é a expressão de entrada da Blanton’s. Cada garrafa é proveniente de um único barril – o que, na prática, significa que pode haver pequenas variações entre garrafas de barricas diferentes.

A composição da mashbill do Blanton’s Special reserve leva milho, centeio e cevada maltada. O destilado entra na barrica a 62.5% – o máximo permitido pelas regras norte-americanas – e depois é diluído até atingir 40%. Não há informação sobre o tempo de maturação, que ocorre em barricas de carvalho americano virgens, altamente tostadas.

Já o Cateto Pinheiros é um bar de bom gosto. A decoração é quase industrial, a trilha sonora – composta por bluegrass e classic rock – é irrepreensível e o cardápio dá até ansiedade de ler. São mais de noventa rótulos de cerveja criteriosamente selecionados, pratos que levam uma infinita variedade de embutidos e queijos e, claro, praticamente todas as marcas de bourbon whiskey disponíveis em nosso país.

paraíso defumado
paraíso defumado

A coquetelaria do Cateto também é ótima. A carta, montada originalmente por Fernando Lisboa – nosso consultor em tempo livre para assuntos de mixologia – e com adições e criações de Thiago Nego, atende a todos os gostos, inclusive dos apaixonados por fumaça, como este Cão. Há um coquetel chamado Smoking Guy.

Aliás, falando em fumaça, pode-se fumar charuto em um parque, na frente do bar. Tomando um Blanton’s, talvez?

Onde: Cateto Pinheiros – R. Francisco Leitão, 272 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05414-011

Drink do Cão – Mint Julep

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Sabe, o mundo é cheio de pretextos. De razões coadjuvantes para desculpas protagonistas. Inventamos motivos importantes para tudo aquilo que nos parece frívolo ou, na verdade, simplesmente secundário. Porque com uma boa razão, quase tudo que estiver dentro do discutível limite da moralidade, se justifica. Ou, ao menos, torna-se mais leve.

É o caso, por exemplo, daquele outro Cão, amigo meu, que queria muito ver a Playboy da Luana Piovani, e disse para sua Cã que não podia deixar de ler a entrevista do… qual é o nome dele mesmo? Ou aquela pescaria, organizada pelos amigos, cujo manifesto contava com duas varas de pescar e meia dúzia de iscas, mas mais de vinte packs de cerveja.

É que a gente vai pescar uns peixes-pileque, lindinha...
É que a gente vai pescar uns peixes-pileque…

O engraçado é que todo mundo sabe a real razão por trás dessas coisas. Mas isso não é declarado. E talvez a mais coletiva dessas atividades seja o Kentucky Derby.

O Kentucky Derby é conhecido como a mais famosa corrida de cavalos do mundo. O tempo rendeu-lhe o título de  “os dois minutos mais emocionantes do esporte”. É a primeira das três disputas que compõe a Tríplice Coroa, juntamente com o Preakness Stakes e Belmont Stakes. Realizada em Louisville, Kentucky, o Derby é um festival de roupas extravagantes e indivíduos excêntricos. Chapéus vitorianos dividem espaço com fraques, monóculos e cartolas. A corrida, em si, é apenas uma boa desculpa para o que talvez seja o cosplay mais caro da história. Ah, e para encher a cara, claro.

A quantidade leviatanesca de álcool consumida durante a turfe foi documentada pelo jornalista Hunter S. Thompson. Junto com Ralph Steadman – ilustrador britânico conhecido – Thompson foi uma vez convidado para cobrir o Kentucky Derby. Seu relato conseguiu perfeitamente captar a essência daquele evento. Em sua matéria “O Kentucky Derby é Decadente e Depravado” o jornalista descreve a corrida como “milhares de pessoas desmaiando, chorando, copulando, atropelando-se e lutando com garrafas quebradas de whiskey“. E ainda que isso pareça uma hipérbole, ninguém reclamou. Porque, como apontou Steadman “não reclamaram porque acho que, de certa forma, eles sabem que aquilo meio que acontecia mesmo“.

Kentucky Derby, na visão de Steadman
Kentucky Derby, na visão de Steadman

O principal culpado pela bebedeira durante o evento é um coquetel. O Mint Julep. Desde 1938, ele é o drink oficial do Kentucky Derby.

A história remota do Mint Julep é incerta. A teoria mais aceita é que seu nome derive da palavra “juleb”, do árabe, que significaria algo como “água de rosas”. Com o tempo, juleps passaram a ter também função medicinal. No século dezoito, os médicos recomendavam o consumo deste curioso remédio para males de estômago e deglutição. Porque, claro, beber coisas alcóolicas sempre ajudam na gastrite e enjoo.

No entanto, o consumo de mint juleps  somente começou a se popularizar em 1875, com a criação do Kentucky Derby. E foi em 1938, quando o coquetel recebeu o título de drink oficial do evento, que ele realmente deslanchou. Naquele ano, ele passou a ser vendido nas tradicionais taças de prata – que, aliás, eram um brinde. Atualmente, o número de Mint Juleps consumidos durante o Kentucky Derby é de impressionar. Em 2015, foram usados 5.040 litros de Bourbon para produzir 127.341 mint juleps.

O Mint Julep é um coquetel como poucos. Todos seus ingredientes são fáceis de encontrar – com exceção da taça, talvez. A mistura de coisas simples lhe traz uma complexidade difícil de acreditar.  Mistura, essa, aliás, que pode ser feita em menos de dois minutos. Talvez os dois minutos mais emocionantes da coquetelaria.

MINT JULEP

Nota: Existe uma infinidade de receitas diferentes para o coquetel, mas, para evitar quaisquer celeumas, ensinaremos aqui a versão clássica, da International Bartender’s Association, e depois uma um pouco aprimorada, caso você esteja com tempo e paciência.

 INGREDIENTES:

  • 1,5 doses de Bourbon whiskey – Este Cão utilizou Woodford Reserve. Mas pode testar à vontade. Como haverá diluição (tanto pelo gelo quanto pela água), o ideal é que seja um whiskey com graduação alcoólica mais alta.
  • 3-4 ramos de hortelã
  • 1 colher de chá de açúcar
  • 2 colheres de chá de água sem gás
  • colher bailarina
  • taça de julep. Se não tiver – o que é bem possível – aposte em um copo alto (highball) pequeno.
  • gelo triturado

PREPARO

  1. coloque o açúcar no fundo do copo e umedeça com a água. Dê um tapinha no hortelã e adicione ao copo.
  2. adicione gelo até quase o topo e coloque o whiskey. Misture com a colher bailarina gentilmente.

VARIAÇÃO*

(*caso você esteja à toa)

Talvez esse drink seja simples demais para você. Talvez você queria desafios maiores. Ou talvez simplesmente esteja buscando alguma forma de preencher seu tempo e acredita que a preparação do mint julep seja rápida demais para isso. Então, aí vai uma versão discutivelmente aprimorada, para dar um pouco de trabalho.

  1. Em uma panela, adicione partes iguais de açúcar e água. Adicione alguns – isso é uma medida discricionária – ramos de hortelã. Leve ao fogo até que a mistura fique translúcida. Veja bem, isso é bem antes do ponto de calda. Basta o açúcar desaparecer. A calda deve ficar praticamente incolor. Deixe esfriar e engarrafe, ou guarde em algum lugar para usar em breve.
  2. Quando a calda estiver fria, prepare o mint julep da mesma forma descrita acima, mas, ao invés de adicionar a água e o açúcar, use meia dose da calda de açúcar e hortelã. Pode reduzir o hortelã do coquetel, para contrabalançar o sabor da calda. Ou não. Pode ser que você goste muito de hortelã.

 

Drops – Glenmorangie Dornoch

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Um whisky com senso de responsabilidade. Este é o Glenmorangie Dornoch, edição limitada da destilaria Glenmorangie, localizada nas Highlands escocesas.

É que o Dornoch foi criado em homenagem à Dornoch Firth, um estuário próximo à Glenmorangie. Para levantar fundos e conscientizar o público sobre a importância daquela pitoresca paisagem, a Glenmorangie realizou uma parceria com a Marine Conservatory Society (Sociedade de Conservação Marinha). Parte da receita recebida com a venda da garrafa é revertida à instituição.

O Dornoch é um single malt sem idade definida. Para atingir seu perfil de sabor, parte do destilado clássico da Glenmorangie é maturado em barricas de carvalho americano que antes contiveram bourbon whisky, enquanto parte de um destilado apenas levemente turfado descansa em barricas de carvalho europeu de ex jerez amontillado, uma variedade mais seca de jerez, o famoso vinho fortificado espanhol.

Atualmente, a Glenmorangie pertence à multinacional Louis Vuitton Moet Hennessy – sim, a mesma responsável pelas bolsas de grife, champagnes e conhaque – assim como sua irmã Ardbeg. O responsável pela criação dos whiskies da destilaria é Dr. Bill Lumsden, um desajustado cavalheiro formado em bioquímica. Este ano, inclusive, Bill recebeu o prêmio de Master Distiller do ano pela International Whisky Competition.

Ficou interessado? Aí vai uma má notícia. Fazer o bem e beber  neste caso, não está muito fácil. O Glenmorangie Dornoch não está à venda no Brasil. Porém, ele pode ser encontrado nos Freeshops de aeroportos internacionais do Reino Unido e da Europa.

Mas se você tiver a sorte de cruzar com um desses, não deixe de experimentar. Afinal, não é sempre que podemos beber e ajudar o meio ambiente ao mesmo tempo, não é mesmo?

De tudo que é inato – Glenmorangie The Original

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Hoje vou começar com uma expressão em latim. Tabula Rasa. Tabula Rasa é um conceito epistemológico, que postula que os seres humanos nascem com o conteúdo de sua mente completamente em branco. Este conteúdo, aos poucos, vai se acumulando graças à percepção e empirismo. A tabula rasa é uma das bases da filosofia de John Locke, e se opõe à teoria do Inatismo que prega que alguns conhecimentos estão presentes desde o nascimento.

Simplificando. Uma teoria diz que nascemos como um papel em branco – o que, curiosamente, é a tradução de tabula rasa. Já a outra, determina que saímos do ventre sabendo uma coisa ou duas. Como, sei lá, reconhecer situações perigosas. Ou mamar, gostar de comida gorda e fazer cocô. O que faz sentido, porque eu não me lembro de ninguém me ensinando essas coisas. E se eu lembrasse, provavelmente teria vergonha de meu professor.

Como pai de uma criança de dois anos e meio, não sei bem no que acreditar. Porque ninguém ensinou minha filha o que é belo ou feio, bom ou mau, ou mesmo a preferir macarrão a salada. Por outro lado, ninguém com um mínimo de conhecimento prévio faria coisas como colocar a chupeta da amiguinha doente na boca, lamber a lateral da mesa da lanchonete imunda ou me entregar um pedaço de cocô que o cachorro fez.

Tipo essa moça, só que bem mais nojento.
Tipo essa moça, só que bem mais nojento.

Talvez o pessoal da Glenmorangie tenha pensado nisso, ou talvez não. Aliás, é bem provável que não, porque isso na verdade não tem quase nada a ver com whisky. Mas, ao mesmo tempo, tem, quando falamos de finalização extra, ou extra finish. A ideia é simples e genial ao mesmo tempo. Consiste em transferir um whisky já completamente maturado em certa barrica para outra que antes continha uma bebida diferente, como vinho jerez ou porto. O whisky então sofre uma segunda maturação, que complementa as características da primeira.

E é exatamente isso que acontece com o Glenmorangie the Original, também conhecido como 10 anos. Parte dele é engarrafado, e parte dele serve como base do Nectar D’Or, Quinta Ruban e Lasanta, expressões com finalização extra, respectivamente em barricas de vinhos sauternes, porto e jerez. Em outras palavras, parte do The Original – que passa dez anos em barricas usadas pela Jack Daniel’s ou Heaven Hill – é então transferida para outras barricas, onde passa mais um par de anos.

Essa segunda maturação faz com que as expressões ganhem personalidades próprias, bastante distintas entre si. Por isso, eu poderia dizer que o Glenmorangie The Original é a tabula rasa das expressões doze anos da destilaria. Acontece que se eu dissesse isso, eu estaria, implicitamente, afirmando que ele mesmo não possui identidade própria quando engarrafado após uma década. O que seria um equívoco.

Na verdade, o Glenmorangie The Original é um whisky com personalidade inata. Há um adocicado de mel e um aroma floral muito característico. Algo que também está presente nas expressões com finalização extra, mas de forma muito mais tímida. É quase como a Cãzinha, que apesar de remontar um pouco sua mãe, possui uma (preocupante) irreverência completamente própria.

A Glenmorangie é uma destilaria notável. A começar por seus alambiques, os mais altos de todas as destilarias escocesas. Com cinco metros de altura, garantem que apenas os vapores mais leves do processo de destilação atinjam o final de seu pescoço, produzindo um destilado leve, elegante e pouco oleoso.

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Os alambiques da Glenmorangie

Seu head distiller é Bill Lusmden, um desajustado cavalheiro formado em química, que se diverte elaborando e executando os mais sofisticados experimentos com whisky. Bill já foi capaz de enviar ampolas de single malt para a Estação Espacial Internacional, para estudar o impacto da gravidade zero na maturação do destilado. Em outra oportunidade, teve a brilhante ideia de usar malte de cervejas escuras em seu whisky, e criou uma das coisas em estado líquido mais deliciosas do mundo – o Glenmorangie Signet.

Apesar de sua exposição, até pouquíssimo tempo, a Glenmorangie era conhecida como uma das menores destilarias da Escócia. Até 2008, apenas dezesseis pessoas trabalhavam em sua produção. Eram conhecidos como os Sixteen Men of Tain (dezesseis homens de Tain), em referência ao vilarejo em que a destilaria está localizada. Naquele ano houve uma expansão da destilaria, e o quadro de funcionários foi ampliado para vinte e quatro. Por conta disso, as novas garrafas não fazem mais referência ao número dezesseis.

Este ano, aliás, foi bom para a Glenmorangie. Seu Signet foi escolhido como melhor whisky do mundo na International Whisky Competition – com uma pontuação de 97 de 100. Além disso, Lumsden, responsável por orientar a criação dos single malts da destilaria, recebeu o prêmio de Master Distiller do ano. Conforme a própria Glenmorangie “Dr. Bill, que é PhD em bioquímica, combinou a arte e a ciência em seu trabalho desde que passou a integrar a Glenmorangie, em 1995. Ele é reconhecido por suas técnicas inovadoras de uso da madeira, experimentação com barricas excepcionais em vários níveis de maturação, e o uso de extra-maturation“.

No Brasil, uma garrafa do Glenmorangie The Original custa em torno de R$ 250,00. Não é exatamente barato para uma expressão de entrada. No entanto, ele é, no Brasil, seguramente o melhor represesentante das highlands para aqueles que estejam pela primeira vez rabiscando sua tabula rasa no mundo dos single malts. E convenhamos. Para reconhecer um belo whisky, basta apenas existir.

GLENMORANGIE THE ORIGINAL

Tipo: Single Malt Whisky com idade definida – 10 anos

Destilaria: Glenmorangie

Região: Highlands

ABV: 43% (existe também uma versão de 40%)

Notas de prova:

Aroma: frutado, adocicado. Aroma leve de própolis!

Sabor:  Frutado (frutas cítricas), com mel, baunilha e caramelo.

Com água: A água torna o whisky mais adocicado. O açúcar fica mais evidente.

Preço médio: R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais)

Diplomacia – Gim Virga

Virga 2- O Cão Engarrafado

Antes de começar, tenho que dizer que isto não é um post sobre whisky. É um post sobre um gim. Mas um gim tão especial, que achei que merecia uma menção por aqui. Continue comigo. Em breve você entenderá por que.

As relações entre o Brasil, Inglaterra e Holanda são bem mais estreitas do que pensamos. A história de nossa pátria está eivada de episódios com os – muitas vezes nem tão – simpáticos povos britânicos e holandeses. Um exemplo disso foram as invasões holandesas ao Brasil, que você já deve conhecer, se permaneceu acordado durante as aulas de história. A principal delas foi no século dezessete. Os holandeses dominaram a cidade de Recife, com o objetivo de controlar parte do comércio de açúcar brasileiro.

Os holandeses, este povo pouco civilizado, durante sua invasão bárbara, fomentaram as artes com o envio de importantes pintores à sua colônia, construíram pontes, teatros, diques, drenaram pântanos e trouxeram saneamento à população. Inauguraram um zoológico, um jardim botânico e um observatório astronômico. Além disso, asseguraram liberdade religiosa para aqueles sob seu governo.

Não é Recife, é a Holanda mesmo...
Não é Recife, é a Holanda mesmo…

Mas a população da colônia não estava acostumada àquele tratamento humanizado. Então, anos mais tarde, se revoltaram com o governo holandês, e expulsaram o povo de volta para o inferno de seus países baixos. Os colonos rebeldes tiveram a ajuda de Portugal e – veja só – do sempre desinteressado e despretensioso povo britânico.

Mas o relacionamento entre as nações não foi baseado somente na discórdia. Houve episódios de colaboração. E ainda que não nos pareça óbvio, o Brasil atual sofreu grande influência destes povos. Exemplos são o futebol, as artes e aquela ajudinha na abolição da escravidão. E, finalmente, a mais nova adição a este triângulo, o Gim.

É que acabou de ser lançado o Virga, primeiro gim artesanal feito em pequenos lotes do nosso país. Criado por quatro amigos – três brasileiros e um holandês, o Virga é a perfeita e pacífica fusão etílica entre o Brasil, a Holanda e o Reino Unido.

Aliás, a própria história do gim é internacional. A bebida fora criada na Holanda sob o nome de genever no século dezessete – concomitantemente à invasão ao Brasil. Ele era produzido e vendido como remédio contra dor de estômago e gota. Como o sabor não era dos melhores, para que fosse mais palatável, os holandeses começaram a adicionar zimbro. Com o tempo, a bebida recebeu reconhecimento internacional, principalmente ao começar a ser produzida na Inglaterra, durante o reinado do Rei William III.

Como todo gim seco – variedade de gim que não leva açúcar – o Virga usa como principal botânico o zimbro. Ele, inclusive, é o único ingrediente estrangeiro no gim, e é necessário para caracterizar o destilado como tal. O resto é pura genialidade brasileira. A começar por sua base. Ao invés de se utilizar álcool de cereais – algo neutro e bem usual – o Virga emprega álcool de cana, produzido nos alambiques da Cachaça Engenho Pequeno, localizada em Pirassununga, no interior de São Paulo.

Alambiques da Engenho Pequeno
Alambiques da Engenho Pequeno

Os demais botânicos também têm inclinação brasileira. Cana, sementes de coentro e pacova. Eles são macerados manualmente, e infusionados na cachaça bidestilada. A escolha deles levou mais de seis meses, e contou com a ajuda de Helton Muniz, do Projeto Colecionando Frutas, que mantem uma coleção de mais de mil e trezentos botânicos.

Nas palavras de Felipe Januzzi, um dos quatro amigos criadores do gim “não é nosso objetivo apresentar o mesmo de sempre: uma imagem de Brasil estereotipado, apelando sempre para o exótico de botânicos de nomes que nós brasileiros de São Paulo ainda não ouvimos falar. Nós queremos fazer do gim uma maneira de conhecer o Brasil aos poucos, e não engarrafar um perfume inusitado para turistas buscando experiências rápidas e pouco inspiradoras – não queremos que gostem do nosso gim por ele ser exótico, queremos que gostem dele por ele ser único, por contar uma história e por nos ajudar a entender e valorizar nosso país

Logo que soube do lançamento do Virga, comprei uma garrafa. Uma das primeiras cento e cinquenta. Tinha sentimentos conflitantes sobre o lançamento. Como um entusiasta da coquetelaria, aquele empreendimento me parecia um marco histórico. O primeiro gim artesanal brasileiro. Finalmente, um produto de qualidade dentro desta classe de bebidas, antes inteiramente importadas.

Por outro lado, minha intuição dizia que o Virga não seria muito além de uma cachaça com algum tempero. Algo meio doce e mais ou menos mal resolvido. Mas a ideia era boa demais para eu não provar. No entanto, logo que recebi meu exemplar, percebi que minha intuição não poderia estar mais equivocada. Não há qualquer conflito etílico internacional aqui. O Virga é genuinamente um gim seco, que revela seu destilado base apenas no sabor residual, e é muito bem resolvido.

O Virga pode ser adquirido pela loja da Amburana, e custa atualmente R$ 99,00. É sensivelmente mais barato do que a maioria dos gins de qualidade de nosso mercado. Além disso, parte do lucro obtido com sua venda é revertido para a Fundação Helton Muniz (aquela lá de cima, do Projeto Colecionando Frutas), então é possível embriagar-se (com responsabilidade e qualidade) e fazer o bem ao mesmo tempo.

Mas se você chegou até aqui e ainda não vê uma boa razão para um blog de whisky falar sobre um gim, ainda que um gim nacional, aí vai uma receita de um Gin & Tonic utilizando o Virga e, claro, um single malt escocês. Para selar, de uma vez por todas, a união etílica entre as três nações:

SMOKY G&T

INGREDIENTES

  • 1 limão siciliano (pode ser tahiti também, se preferir ainda mais azedo)
  • 1 dose de Virga
  • 1/2 dose de whisky defumado (pegue algo bem defumado, sem medo. Este Cão recomenda o Ardbeg Ten. Pode usar também o Port Charlotte Scottish Barley. Utilizar um blend defumado como o Black Grouse ou Double Black funcionará, mas não tão bem).
  • 3 doses de água tônica (pode ser qualquer uma. Nos testes feitos por este canídeo, o melhor resultado foi obtido com a Schweppes, que é menos adocicada. Segundo o pessoal do Virga, a Tônica da Prata também fica ótima, mas não experimentamos. Lembre-se que o Virga é relativamente adocicado para um gim, então, uma tônica mais puxada para o amargo funcionará melhor).
  • Angostura Bitters (opcional. Nem tente substituir. Se não tiver Angostura, faça sem)
  • Gelo (bastante gelo)
  • Taça de G&T, ou qualquer taça larga.
  • Colher bailarina (ou qualquer colher pra mexer)

PREPARO

  1. Corte o limão em 4 pedaços longitudinais, e cada pedaço, em 2.
  2. Com pressão moderada – recomenda-se estar sóbrio nesta fase do processo – esfregue os pedaços do limão na parte de dentro do copo. Como se você estivesse untando o copo com o limão, fazendo de conta que o copo é uma forma e o limão, a manteiga. Só que o resultado será bem melhor do que um bolo. Não precisa usar todos os gomos. Normalmente, usamos apenas três, mas a quantidade de limão vai de seu gosto.
  3. Adicione uns 2 dashes de Angostura (isso são pitadas, ou sacodidelas na garrafinha)
  4. Jogue alguns gomos (uns três) dentro da taça
  5. Coloque bastante gelo na taça
  6. Adicione o gim, o whisky e, por fim, a tônica. Desça a tônica direto na taça. Nada de malabarismos escorrendo a tônica pela colherzinha.
  7. Mexa suavemente com a colher.

Pronto. Se quiser preparar uma versão diferente de G&T utilizando o Virga, sinta-se à vontade. A querida Cã, por exemplo, ficou apaixonada por uma versão do drink acima utilizando suco de pêssego ao invés do limão siciliano. Ah, e não se esqueça de compartilhar suas receitas. O pessoal do Virga está ansioso para conhecê-las!

 

 

Cateto Smokey Mondays – Degustação de Bourbons

Degustação Cateto 3

Segunda feira é para os corajosos. E ontem, com o coração cheio de bravura, o Cão Engarrafado participou do Cateto Smokey Mondays, um já tradicional evento mensal, organizado pelo Bar Cateto Pinheiros. A ideia por trás do evento é simples. Trazer, sempre na primeira segunda-feira do mês, um belo charuto, que será degustado e harmonizado com bebidas diferentes. E ontem foi a vez dos bourbon whiskeys e dos charutos cubanos Bolivar Redentor série exclusiva para o Brasil.

O evento ainda contou com uma aula especial, ministrada pelo professor Cesar Adames. Pudemos experimentar – ou melhor, relembrar – três bourbons já revistos neste blog: Bulleit, Woodford Reserve e Maker’s Mark. Além deles, foi servida uma garrafa antiga de Blanton’s Special Reserve, da época que o whiskey ainda era importado para o Brasil.

O mais interessante é que a degustação foi feita às cegas, e apenas ao final os bourbons foram revelados. Assim, todos puderam provar as doses sem preconceitos ou preferências preconcebidas, e eleger seu preferido.

Os whiskeys
Os whiskeys

Após a a aula, os participantes puderam acender seus charutos, e experimentar novamente os whiskeys, desta vez, harmonizados. O charuto, escolhido pela Barão Tabacalera, casou perfeitamente com as garrafas escolhidas e com o bate papo, com a participação de todos os presentes.

Se quiser saber sobre as próximas edições do evento, curta a página do Cateto Pinheiros no Facebook e fique esperto. As vagas são limitadas. E, sinceramente, não é sempre que temos uma segunda-feira tão memorável como esta.

 

 

 

 

Hiperatividade – Jura Origins 10 anos

jura10

Sabe, eu sou uma pessoa mais ou menos hiperativa. Para mim, ficar preso em algum lugar sem possibilidade nenhuma de inventar alguma coisa para fazer é quase uma sentença de prisão perpétua. Meu dia ideal é aquele com a agenda limpa e uma miríade de possibilidades. E, para isso, viver em uma cidade grande é excelente.

Afinal – resguardado o limite do bom senso e da moralidade – posso fazer praticamente o que tiver vontade. Há infinitos restaurantes, milhares de bares, centenas de cinemas, dezenas de museus e parques. Talvez tenha acordado com a estranha vontade de praticar pelota basca pela primeira vez. Sem problemas, conheço um clube que possui uma quadra.

Em oposição, um lugar que não oferece tantas possibilidades me assusta. A proverbial ilha deserta, no meu caso, seria um castigo maior do que a morte. Ainda que eu pudesse levar aquele meu livro e a tal única garrafa de whisky. Porque, afinal, o que eu faria com meu dia após terminar a leitura e secar a garrafa?

Bater um papo, talvez?
Bater um papo, talvez?

Bem, se eu fosse Archibald Campbell, e vivesse no século dezenove, eu saberia exatamente o que fazer. Eu fundaria uma destilaria de whisky. Afinal, na lógica de Campbell, nada melhor para isto do que uma ilha praticamente desabitada, infértil e montanhosa. Foi exatamente o que ele fez. Assim nasceu a “Small Isles Distillery”, que, mais tarde, tornou-se a Isle of Jura.

Na verdade, a história teve um pequeno percalço. A destilaria teria sido fundada em 1810, num esconderijo de um contrabandista. No final daquele século, porém, ela foi desativada – com a progressiva retirada de seu equipamento, estoque, e por fim, o teto – e assim permaneceu por mais de sessenta anos. Em 1960, a população da Ilha resolveu reconstruí-la sobre as ruínas da antiga, e sua primeira destilação ocorreu em 1963. O estilo do whisky também mudara. Antes, tradicionalmente turfado – à moda de Islay – o single malt produzido nas novas instalações era apenas levemente defumado.

E foi assim, que em 1960, nasceu a nova destilaria de Jura. A mesma que conhecemos até hoje, apesar de uma – discreta – expansão.

Tavez você esteja se perguntando o que aconteceu com a ilha de Jura, após a reconstrução da destilaria. Teria sua economia prosperado e a população crescido? Bem, então saiba que apesar de ser a oitava maior ilha das hébridas escocesas em extensão, ela é apenas a trigésima primeira em população. São aproximadamente duzentas pessoas. Por outro lado, a ilha é povoada de cervos. Há mais de cinco mil cervos. O que dá mais ou menos vinte e cinco destes saltitantes seres por pessoa.

Atualmente, a Jura produz uma incrível variedade de whiskies. Há single malts bastante defumados e ricos (como o Prophecy e Turas Mara), defumados e secos (como o Superstition), pouco defumados e ricos (como o Duriach’s Own) e infinitas edições limitadas, como Brookyln e Tastival. Mas sua expressão mais clássica é o Jura dez anos. Não por acaso, batizado de Jura Origins.

De acordo com o testemunho da própria destilaria, o Origins “é o whisky que simboliza a reconstrução de nossa comunidade e o renascimento da destilaria Jura. No rótulo há o símbolo celta do nascimento, começo e das forças da natureza. É algo que adicionamos à garrafa porque achamos que simbolizava nossa história particular, e o whisky que está no coração de tudo aquilo que fazemos”.

Ainda que não seja claramente divulgado, este Cão suspeita que a maturação do Jura Origins ocorra somente em barricas de carvalho americano que antes continham Bourbon whiskey. Isso proporciona sabor leve, adocicado, com final de baunilha e mel. A sensação de leveza é potencializada pelo destilado, pouco oleoso, fruto dos alambiques altos – alguns dos mais altos de todas as destilarias escocesas, apenas atrás de Glenmorangie e Bunnahabhain.

Nenhum cervo por aqui.
Nenhum cervo por aqui.

O Jura Origins recebeu medalhas de prata na International Wine and Spirits Competition de 2014 e 2013 na categoria de single malt das ilhas, e na International Spirits Challenge de 2015 como Single malt abaixo de doze anos. Nada mau para a versão de entrada de uma destilaria.

O Jura Origin é o tipo de single malt que agradará aos paladares mais treinados e surpreenderá os iniciantes. Ele é perfeito para se tomar em qualquer situação. No mais frio inverno do campo ou mesmo no calor infernal de uma praia. No bar ou no conforto do lar. É o tipo de whisky que transformaria o mais absoluto tédio de qualquer ilha deserta no entusiasmo da mais cosmopolita das cidades.

JURA ORIGINS 10 ANOS

Tipo: Single Malt com idade definida – 10 anos

Destilaria: Jura

País/Região: Islands – Hebrides

ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: frutado, adocicado, baunilha.

Sabor: mel, frutas em calda. Final médio, progressivamente mais seco. Levemente (quase imperceptivelmente) defumado. Baunilha.

Com água: A água o torna ainda mais adocicado. Baunilha fica ainda mais clara.

Preço: em torno de R$ 270,00

Drops – Gladiator Bestiarius

Gladiator Bestiarius - O Cão Engarrafado

Aí vai mais uma cervejinha fraca para sua quinta-feira. Essa é a Shipyard Gladiator Bestiarius, uma Imperial Porter que foi maturada por dez meses em barricas que antes contiveram o bourbon Jim Beam. Sua graduação alcoolica é de 9,4% (ou melhor, 11,8%). Ah, e ela vem em garrafas de 750ml.

A Bestiarius tem sabor de café, açúcar mascavo e um característico final de baunilha, bem próprio das barricas utilizadas em sua fabricação. Apesar da graduação alcoólica, é uma cerveja bem menos densa do que a maioria das Imperial Porters que vemos por aí. Ou seja, um convite tentador para se tomar uma garrafa inteira.

A Shipyard Brewing Co. é uma cervejaria localizada em Portland, Maine, fundada – espiritualmente – em 1992, tendo sua fábrica sido construída em 1994. Atualmente, são produzidas mais de vinte rótulos diferentes, além de um refrigerante – Capt’n Eli’s Soda. Os rótulos da série Gladiator, no entanto, são reservados às criações mais especiais e exclusivas.

No Brasil, a Gladiator Bestiarius é importada pela Get Trade, e pode ser encontrada online ou em bares especializados em cervejas, como o Empório Alto dos Pinheiros. Seu preço médio é meio monstruoso. R$ 130,00 (cento e trinta reais).

E se você nos perguntar se vale a pena, responderemos somente que, bem, ela é monstruosamente boa.