Royal Salute Olfactory Studio – Barnabé Fillion

Você encontraria relação entre um drink feito com a rosa real, um meteorito e três incríveis whiskies da Royal Salute, todos com no mínimo 21 anos? Bem, esta foi a experiência deste Cão Engarrafado da última quinta-feira em São Paulo, no Estúdio Olfativo (olfactory Studio) de Barnabé Fillion. Barnabé é conselheiro criativo da Royal Salute e perfumista por trás de algumas das mais famosas fragrâncias da Paul Smith, Aesop e Hermès.

A ideia do Estúdio Olfativo parece até desconcertante, mas é executada de uma forma belíssima. “a jornada explora uma paleta de sensações – pelo toque de objetos lendários, a visão de cores que expressam as mais sinceras sensações, o aroma de essências de flores raras destinadas à elite do mundo e a prova de whiskies que impulsionam a arte do blending” – diz Fillion.

Barnabé Fillion, durante o evento em SP

Em outras palavras, e de uma forma mais simples, a ideia é que o participante, por meio de analogias que ultrapassam o olfato e o paladar, possa identificar características nos whiskies da Royal Salute, bem como entender que há relações entre outras áreas do conhecimento e a criação de whiskies. Como, por exemplo: o toque em um tronco de árvore fossilizado cria um paralelo com o sensorial de certo whisky, e com o processo de transformação da matéria prima até o whisky.

De acordo com Fillion, há muitas relações entre a criação de perfumes e whiskies “Na verdade o trabalho de Sandy (Hyslop, master blender da Royal Salute) é muito parecido com o meu como perfumista. Ele está provando 5 ou 10 whiskies por semana, mas avaliando por aroma mais de 5 mil por semana. Ele está avaliando todos os barris que estão mudando a cada mês. Cada single malt que é proposto a ele. A técnica é a mesma, a diferença é que eu trabalho com produtos que devem ser frescos, recentemente destilados. E no caso do whisky, o tempo é importante

MAIS DO QUE UM ALMOÇO

A experiência não poderia ter acontecido em um local mais apropriado. O restaurante japonês Míu, em São Paulo – um espaço cuja decoração combina elementos contemporâneos com visual clássico japonês. Mais uma analogia com a Royal Salute, uma marca enraizada na tradição, mas que têm buscado cada vez mais inovação – prova disso é seu novo portfólio, apresentado durante o evento.

Durante o evento – um almoço exclusivo e elegante – cada uma das expressões de 21 anos da Royal Salute foi harmonizada com alguns aromas, um objeto relacionado a experiência e um prato. Para o Royal Salute Signature Blend, nosso conhecido, foi escolhido um coquetel produzido com a Rosa Real – uma das mais caras flores do mundo, e muito usada no mundo dos perfumes – e um delicioso tartar de atum.

Lineup

Já para o Royal Salute 21 The Malts Blend, um blended malt mais intenso, adocicado e frutado, a escolha foi carpacio de salmão e carapau trufado – que, na opinião deste Cão, foi o melhor prato da experiência. “é a primeira vez que a Royal Salute se propõe a criar um blended malt. É preciso entender a complexidade dele, já que não há whisky de grão. (…). Ele me lembra um pouco a transição do inverno para a primavera. E um pouco de uma flor (…), a mimosa. Mas há também algo mais importante, que são as especiarias, que vêm da mistura dos whiskies de diferentes regiões da Escócia.

Barnabé também esclareceu a importância do blending, mesmo para maltes “Primeiro, muitos single malts são blends, porque são blends de whiskies vindos de uma mesma destilaria. Mas há uma arte de blend. Para nós, blendar é a infinidade de criação e sabor. Podemos explorar a geografia e os diferentes sabores dos whiskies escoceses“. Para fechar a segunda parte, Barnabé apresentou um pequeno meteorito de mais de 4 mil anos de idade, e traçou uma relação com a exploração, seja geográfica, seja sensorial.

Do espaço

Com o Royal Salute 21 Lost Blend, uma versão enfumaçada do clássico, vendida somente em Duty Frees, a combinação foi com uma robata de copa lombo. Aqui, Barnabé contou sobre a experiência dos astronautas que foram à Lua, e sobre um estranho impacto olfativo que tiveram, ao voltar para o módulo lunar – impacto este que até mesmo refletiu em seus sonhos. O inusitado objeto apresentado foi um tronco de árvore fossilizado. “a relação é sobre a transformação. Ele é meio grafite, mineral, e meio árvore, vegetal“.

Além dos objetos apresentados durante cada uma das harmonizações, o perfumista compartilhou pequenas tiras com aromas que compõe seus perfumes, bem como cerâmicas criadas por uma impressora 3-D, com aromas – já combinados – baseados nas três expressões de Royal Salute.

O Estúdio Olfativo de Barnabé trouxe a este Cão duas impressões. A primeira, de que produtos exclusivos devem ser apreciados com calma e esmero. E a outra, uma impressão residual – talvez semelhante àquela dos astronautas – de que a criação de qualquer produto sofisticado, sejam eles blended scotch whiskies ou perfumes, exigem uma dedicação enorme e um conhecimento extremamente aprofundado daquela arte.

One thought on “Royal Salute Olfactory Studio – Barnabé Fillion

  1. Tão interessante quanto os whiskys são os pratos, mestre hahaha.
    Esse Lost Blend chamou bastante minha atenção. Acredito que o senhor tenha suposto.
    Abraço.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *