Sidras Épo Morada (e Fumaça Sídrica)

 

Sidras Epo - O Cão Engarrafado

Às vezes temos que nos aventurar em novos territórios. Sair da zona de conforto e conhecer algo novo. Isso nos torna mais experientes e destemidos. E, principalmente, mais versáteis. E foi com este espírito que, a convite da BeerManiacs – os mesmos iluminados responsáveis pela importação das cervejas Harviestoun e Brooklyn Brewery – compareci ao lançamento da primeira linha de sidras (é, pô, com S mesmo) artesanais brasileiras, produzidas pela Morada Cia. Etílica, de Curitiba. O evento aconteceu na quarta-feira, dia 10, no Instituto da Cerveja Brasil – ICB.

Caso você não saiba, ou caso você ainda ache que sidra é aquela bebida meio rejeitada, que fica lá na prateleira debaixo dos vinhos no supermercado, o Cão explica. Sidras são bebidas fermentadas de maçã. Mais especificamente, no caso das sidras da Morada, maçãs Fuji e Gala, cultivadas na serra gaúcha e de Santa Catarina. Fora do Brasil, são bem famosas e muito frequentes nos pubs ingleses, ao lado das lagers e ales britânicas.

Batizadas simpaticamente de Épo – uma brincadeira com o nome da fruta que lhe dá origem em inglês, apple – são três rótulos. Um deles leva abacaxi e hibisco em sua receita; a outra lúpulo, à moda das cervejas; e, a última, é maturada utilizando ripas de amburana e carvalho europeu. Todas são ótimas, mas a preferência deste canídeo foi, seguramente, a que passa por madeira. Todas as três poderão ser facilmente encontradas em bares especializados em cervejas.

Cidras Epo 2- O Cão Engarrafado
As sidras

De acordo com minha intuição etílica, imaginava que fossem bebidas adocicadas, talvez por influência dos rótulos importados à venda em nosso país. No entanto, as sidras da Morada são secas e cítricas, mesmo no caso da que leva hibisco e abacaxi – o sabor destes é mais claro no retrogosto.

A Morada Cia. Etílica é uma empresa versátil. Em suas próprias palavras “Nosso tesão é investigar ingredientes e técnicas para criar bebidas conceitualmente relevantes, artisticamente provocadores e gastronomicamente interessantes, sempre explorando as lacunas, os entre-estilos e os cantos esquecidos do universo etílico já que a monotonia da zona de conforto é o nosso inferno ideológico

A linha de produtos mais conhecida da Morada são as cervejas, como a Double Vienna, Morada Kolsh, Gasoline Soul e a corajosa Hop Arabica, que, ao invés de lúpulo, usa café para emprestar-lhe amargor. Além deles, ela já se aventurou no ramo dos whiskies – ainda que nunca tenha comercializado estas bebidas. Há algum tempo tive a oportunidade de experimentar duas dessas experiências, que possuíam um certo toque brasileiro. Um deles era maturado em Bálsamo e Cabreúva, e o outro, em Amburana.

Whiskies da Morada
Whiskies da Morada

Aliás, falando em whisky, durante a degustação, não conseguia deixar de pensar como algumas dessas sidras funcionariam bem em um coquetel com o destilado. Assim, ao chegar em casa, resolvi que experimentaria – corajosamente também – inventar algo que unisse os dois.

Minha primeira ideia foi uma espécie de gim tônica. Só que sem tônica. E sem gim. Mas talvez por conta de minha total inépcia, ou talvez porque fosse uma ideia esdrúxula desde o começo mesmo, a receita não deu certo. Mas minha segunda tentativa – agora com um pouco de ajuda da internet e de nosso consultor, Fernando Lisboa – alçou voo. Uma espécie de whisky sour. Mas sem clara de ovo. E com sidra. E whisky defumado. Pensando bem, seria necessário muita coragem para chamar isso de sour. Assim, preferi chamar de:

FUMAÇA SÍDRICA

(Um nome sem muita criatividade mas que soa engraçado)

INGREDIENTES

  • 1  dose de whisky defumado – Este Cão usou Ardbeg Ten. Mas um Black Grouse ou Double Black funcionarão perfeitamente também.
  • 3 doses de Cida Épo maturada em carvalho e amburana;
  • 1 dose de suco de limão siciliano;
  • copo alto;
  • gelo

PREPARO

adicione, em um copo alto com gelo, o suco de limão siciliano e o whisky defumado. Mexa um pouco, com cuidado. Adicione as três doses de sidra. Para o gosto deste Cão, não falta dulçor. Mas o importante é você gostar do coquetel. Assim, não irei condenar ninguém se adicionar 1/2 dose de calda de açúcar (leia aqui como fazer essa calda)

 

2 thoughts on “Sidras Épo Morada (e Fumaça Sídrica)

  1. Só havia tomado sidra em um ano novo que passei em Berlim Achei curioso, somente isso.
    Mas fiquei curioso com as bebidas e com o seu coquetel.
    Também gosto de me aventurar no mundo da coquetelaria (no momento degustando um recém-preparado negroni).
    Mas, seja por falta de criatividade, ou por falta de coragem mesmo, acabo me atendo aos coquetéis clássicos.
    Minha única “invenção” foi uma mistura com 1 partes de bourbon, 1 de cointreau e 1 de suco de laranja (não sei se já existe).
    Parabéns por experimentar sem medo e encontrar uma mistura interessante.

  2. Como vai, Maurício?
    Gostei bastante do coquetel, ainda mais tendo esse toque defumado e com o dulçor controlado.

    Grande abraço e Deus o abençoe por me indicar o excelente Glenfiddich 15 haha.

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