Mafiosa Irrefutabile – Beer Drops

“Francamente, minha cara, eu não me importo”, ou, no original “Frankly, my dear, I don’t give a damn” não é simplesmente uma demonstração de indiferença. A frase é dita por Clark Gable no celebrado E O Vento Levou (“Gone With the Wind”) para seu par amoroso, a personagem Scarlett O’Hara, vivida por Vivien Leigh. A citação, inclusive, foi eleita pelo American Film Institute (AFI) como a mais memorável de todo cinema norte-americano. Na mesma lista, ocupando a segunda posição, está uma de O Poderoso Chefão. “I will make him an offer he can’t refuse“. Em português, “Eu vou fazer uma proposta que ele não poderá recusar” Ela é proferida por Don Vito Corleone – estrelado por Marlon Brando, caso você não saiba – durante uma visita de seu afilhado, o famoso cantor Johnnie Fontane. O artista pede a Vito que o ajude a conseguir um papel em um filme, ao que o padrinho lhe responde a célebre frase. E, bem, o que acontece em seguida está longe de ser uma proposta cordial do temido padrinho. E foi com base nessa frase que a cervejaria Mafiosa – tão afiada no storytelling quanto na produção de cervejas – lançou seu novo rótulo. […]

Mafiosa Leave the gun! Take the Cannoli – Beer drops

Improvisar é fácil. Improvisar a ponto de imortalizar algo é que não é. E é justamente isso que aconteceu com uma das mais memoráveis frases de um dos mais memoráveis filmes de todos os tempos. O Poderoso Chefão, e a frase “Deixe a arma e pegue o canoli” (no original “Leave the gun, take the cannoli“). A frase é proferida pelo mafioso Clemenza, interpretado pelo ator Richard S Castellano, logo após seu comparsa Rocco matar outro mafioso – Paulie. A sequência começa alguns cortes antes. Podemos ver Paulie pegando carona com Clemenza e Rocco – que já tem a intenção de matá-lo, ainda que Paulie obviamente não saiba disso. A esposa de Clemenza lhe lembra, aos berros, de não esquecer de levar um certo cannoli – um doce itaiano, caso você não saiba – para comer na viagem. Essa recomendação da esposa, aliás, também fora uma adição de última hora, feita pelo diretor Francis Ford Coppola. Temos então alguns planos de ambientação, e uma cena em que Clemenza pede ao motorista que pare, para um chamado da natureza. Quando Clemenza sai do carro, Rocco rapidamente atira três vezes na cabeça de Paulie. E a famosa frase é então dita por Clemenza, […]

Beer Drops – Maniacs Moscow

Nunca fui muito de futebol. Mas assumo que tenho acompanhado a Copa do Mundo com algum empenho e até torcido com entusiamo em algumas partidas, mesmo que o Brasil tenha sido elimado. Além disso, tenho um certo interesse pela Rússia. Talvez seja por conta de seus grandes escritores – como Gogol, Dostoievski e Tólstoi. Ou pela música, que contava com personalidades como Borodin e Stravinski (que, aliás, era um apaixonado por whisky). Aliás, a Rússia não é apenas um país de gigantes da literatura e música. Mas é também uma nação de coisas gigantes. O maior avião do mundo, por exemplo, é deles. Seu nome é Antonov An-225, e ele mede mais de oitenta e quatro metros de comprimento. O maior helicópteros – o Mil Mi-26 – também. E um dos maiores cachorros, o pastor caucasiano, que chega a pesar noventa quilos. Nada mais justo, então, que o estilo de cerveja batizado em homenagem ao país seja também superlativo. É a Russian Imperial Stout. Com alta graduação alcoólica e malte torrado, essas cervejas  foram criadas pelos ingleses no século XVIII, e podiam facilmente sobreviver à longa viagem entre o Reino Unido e a Rússia, onde eram consumidas – especialmente pela corte […]

Drops – Innis & Gunn Original Oak Aged

  Hoje falarei de um assunto polêmico, mas frequente. Um assunto discutido em quase todas as mesas de bar do Brasil. Algo que todo mundo faz, ainda que, às vezes, a gente prefira acreditar o contrário. Vou falar de cocô. Isso mesmo. Porque toda conversa de adultos regada a álcool termina, invariavelmente, em algo escatológico. Ou sexo. Cocô é quase tudo aquilo que ingerimos, mas que não é aproveitado por nosso organismo. Não importa o quão gostoso ou sofisticado foi seu prato. Aquele frango (que nojo), o spaghetti a bolonhesa, o medalhão de kobe beef e o caviar Almas de esturjão albino, todos eles, virarão a mesma repugnante coisa. E você sabe qual é. O que não significa, é claro, que ele não possa ser aproveitado por outras criaturas. É uma extensão do conhecido provérbio “lixo de uns, luxo dos outros”. Há bactérias que se alimentam das fezes. Vegetais retiram delas algumas substâncias importantíssimas para seu crescimento. Tirando o quase inevitável preconceito nojento, é uma história linda, na verdade. Uma história de aproveitamento, de ciclo e de eternidade. Seria quase transcendental, se não envolvesse titica. Mas não é apenas no vaso que histórias de reaproveitamento de – desculpe se algo […]

Drink Drops – Boilermaker

Quando comecei a beber, meu pai me deu um conselho de ouro sobre como não ficar bêbado. Alternar um gole da bebida com um gole de água. É uma estratégia simples, mas que realmente dá resultado. O álcool desidrata o corpo, e a água é a melhor aliada na briga para reidratá-lo. Com essa dica, poderia passar horas bebendo moderadamente sem sofrer as sórdidas consequências da ressaca. Uma vez, lendo uma crônica do Luiz Fernando Verísismo – de verdade, não o Luiz Fernando Veríssimo que as pessoas compartilham no Whatsapp – vi que ele tinha a mesma estratégia que eu. E o mesmo desafio. “Tomar um copo de água entre cada copo de bebida – O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida“. Nesse estágio, não sei qual era a pedida do Veríssimo.  Mas minha sempre foi whisky e cerveja. Às vezes ao mesmo tempo. Naquela época eu nem sabia, mas esse hábito – de beber um copo de whisky junto com um de cerveja – é bem comum. E […]

Brooklyn Brewery The Discreet Charm of the Framboisie – Sobre sentido

Existe um certo charme na rebeldia, mesmo quando ela não faz o menor sentido. Prova disto é o – quase indiscutivelmente – mais famoso curta-metragem da história: Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz), de 1929, dirigido por ninguém além de Luis Buñuel e Salvador Dalí (sim, o pintor). Un Chien Andalou é um filme de dezessete minutos. E nenhum segundo dele faz o menor sentido. Há uma lua, um homem olhando para sua mão perfurada enquanto formigas saem de dentro dela, outro homem puxando um piano com padres e alguns animais mortos. Há mais uma mão – desta vez, decepada – na calçada. E claro, a famosa e aflitiva cena de um olho sendo cortado por uma navalha. Não há qualquer relação entre as cenas. Para falar a verdade, nem o título faz sentido – ele foi criado aleatoriamente pelos dois artistas com a ajuda de um dicionário. O filme foi concebido por Dalí e Buñuel justamente para chocar o público e – como escreveu um renomado crítico da época – aliená-lo ao invés de agradar. E apesar de pouca coisa fazer sentido, há algo indiscutível em Un Chien Andalou. Sua matéria prima, talvez o único frágil barbante que amarre todas as […]

Convergência – Dogma EAP Russian Imperial Stout

Se você unisse varias manias suas, onde estaria? Apaixonados por automóveis, provavelmente dirigindo um Porsche na Autobahn em direção a Stuttgart. Seu negócio é cinema? Então talvez estivesse em uma maratona de nouvelle vague na cinemateca francesa, ao lado de Jean-Luc Godard. É apaixonado pelo cosmos? Então que tal uma visita ao cabo Canaveral, ou uma viagem em alguma nave da Space X ao lado de Elon Musk? Culinária? Uma degustação guiada por todos os pratos do finado El Bulli. Puxa, então sua paixão real é o direito? Bem, neste caso, só posso lhe oferecer meus pêsames. Mas para alguém como este Cão, um apaixonado por whiskies e amante de cervejas, talvez o programa ideal fosse degustar uma russian imperial stout com maturação em barrica de algum single malt, em um lugar importante. Um lugar importante como, sei lá, o Empório Alto dos Pinheiros. E se você compartilha comigo deste sonho, bem, saiba que ele pode ser realizado facilmente, a partir desta semana. É que nesta quinta-feira foi lançada a Dogma EAP, uma RIS muito especial. Continue comigo. O lançamento não poderia ser melhor. a Dogma EAP, como o nome diz, é uma homenagem da cervejaria Dogma à meca cervejeira do […]

(mais que um) Drops – Glenfiddich IPA Experiment

Gosto muito de whisky, isso não é segredo para ninguém. Aliás, imagino que este seja um prerrequisito tácito para se ter um blog sobre o assunto. Do contrário, as provas e textos seriam, para não dizer nada pior, enfadonhos. Algo na linha de olha, se você gosta de whisky, é possível que vá suportar beber isto daqui, mas como eu não gosto, então, bom, achei horrível. Nao. Beba. Whisky. Nunca. No entanto, além do melhor destilado do mundo, também tenho outros interesses etílicos. Me interesso bastante por coquetelaria – como podem ter notado ao acompanhar o blog – arranho no gim, e adoro uma boa cerveja. Gostaria de saber mais sobre outras bebidas, e, principalmente, experimentar tudo. Mas por uma questão de tempo e fígado, me vejo obrigado a escolher frentes de combate. E dessas frentes, talvez minha segunda ou terceira seja, justamente, a cerveja. Sou apaixonado pelas amargas India Pale Ale, e tenho uma preferência quase natural pelas Imperial Stouts, bem torradas. Se passar por barril ainda melhor. Se você é como eu, provavelmente ficará ansioso com essa notícia. É que a Glenfiddich, uma das mais famosas destilarias de single malt da Escócia lançou, justamente, um whisky que é finalizado em barricas […]

Drops – Gladiator Bestiarius

Aí vai mais uma cervejinha fraca para sua quinta-feira. Essa é a Shipyard Gladiator Bestiarius, uma Imperial Porter que foi maturada por dez meses em barricas que antes contiveram o bourbon Jim Beam. Sua graduação alcoolica é de 9,4% (ou melhor, 11,8%). Ah, e ela vem em garrafas de 750ml. A Bestiarius tem sabor de café, açúcar mascavo e um característico final de baunilha, bem próprio das barricas utilizadas em sua fabricação. Apesar da graduação alcoólica, é uma cerveja bem menos densa do que a maioria das Imperial Porters que vemos por aí. Ou seja, um convite tentador para se tomar uma garrafa inteira. A Shipyard Brewing Co. é uma cervejaria localizada em Portland, Maine, fundada – espiritualmente – em 1992, tendo sua fábrica sido construída em 1994. Atualmente, são produzidas mais de vinte rótulos diferentes, além de um refrigerante – Capt’n Eli’s Soda. Os rótulos da série Gladiator, no entanto, são reservados às criações mais especiais e exclusivas. No Brasil, a Gladiator Bestiarius é importada pela Get Trade, e pode ser encontrada online ou em bares especializados em cervejas, como o Empório Alto dos Pinheiros. Seu preço médio é meio monstruoso. R$ 130,00 (cento e trinta reais). E se […]

Drops – Goliat Bourbon Aged Imperial Stout

Aí vai um pouco de pornografia etílica para sua terça-feira. Uma cerveja escura, com mais de dez por cento de graduação alcoólica, e maturada em barricas de carvalho americano que antes contiveram bourbon whiskey. Esta é a Goliat Bourbon Aged Imperial Stout, uma denominação bem grande para um produto de uma cervejaria com um nome bem pequeno. To Øl. Caso você esteja se perguntando como pronunciar este O cortado, a gente te conta: é Tu Ul.  A To Øl é uma cervejaria dinamarquesa, fundada em 2010 por dois amigos, Tobias Emil Jensen, Tore Gynther, com um pequeno empurrãozinho de seu professor, Mikkel Borg Bjergsø (sim, se você gosta de cerveja, já deve ter reconhecido o nome do fundador da Mikkeller aqui). Durante estes seis anos, a marca ganhou reconhecimento e fama internacional, e hoje é considerada uma das melhores cervejarias do mundo. O engraçado sobre a To Øl é que ela é, na verdade, algo conhecido como cervejaria cigana. Isso significa que ela não possui fábrica própria, mas aluga o equipamento e as dependências de outras cervejarias durante pausas em suas produções. Antes de falar mais sobre a Goliat, deixe-me traduzir os dizeres nela impressos: O Grande guerreito de Gath. O mítico campeão dos […]