Finalmente assisti Solo: A Star Wars Story. E não me decepcionei, mas não fiquei muito impressionado. É engraçado, porque não há nada intrinsecamente ruim sobre o filme. Ele é bem dirigido, o ritmo é bacana, e o Alden Ehrenreich está excelente como Han Solo, a ponto de reproduzir com exatidão até pequenos tiques do personagem de Harrison Ford. Tipo atirar de perna aberta e fazer aquela cara de mau ator tentando expressar surpresa. Tem que ser muito bom ator para parecer mau ator.
O problema, acho, não está no filme. Está na mística. Ou melhor, na ausência dela. É que quando Han contava vantagem para Luke sobre, por exemplo, o fato da Millennium Falcon ter feito o Kessel Run em menos de 12 parsecs, a falta de detalhes fazia nossa imaginação preencher as lacunas. Não sabíamos como a nave tinha conseguido aquele feito. Sabíamos apenas que ela era rápida. Poxa, eu nem sei o que é um parsec, mas isso não importa, porque todos os personagens ficavam impressionados.
Mas ver como a Millenium Falcon conseguiu – ou melhor, Han – acaba destruindo essa mística. Agora a gente sabe como aconteceu, e, longe de mim dar algum spoiler, mas parece um mérito muito mais atribuível ao desespero ou destemor do que efetivamente à espaçonave. Ver Solo: A Star Wars Story é na verdade ouvir explicações sobre uma porrada de coisas que eu não queria explicações.
Mas esse é o problema de sequências – ou prequels. Sempre esperamos algo tão bom quanto o anterior, ou melhor. Criar uma franquia de sucesso, como Star Wars, é uma grande responsabilidade. E não apenas no cinema. No mundo da bebida também. Como, por exemplo, a Dádiva Odonata. Em 2016, foram três versões, com frutas vermelhas, café e baunilha. E em 2017, mais três edições especiais, maturadas em barricas de carvalho e assinadas por Cesar Adames, Dinah Paula e – a melhor de todas, claro – este Cão.
Após essas seis edições, a expectativa era alta para as edições de 2018. Mas a Dádiva – ao contrário da Disney – conseguiu impressionar. Para este ano, foram produzidas 4 edições. Em parceria com os especialistas Isadora Fornari e Maurício Maia, foram escolhidas quatro madeiras brasileiras para compor as Odonatas, #7 (envelhecida em barricas de Jaqueira), #8 (envelhecida em barricas de Jequitibá), #9 (envelhecida em barricas de Bálsamo) e #10 (envelhecida em barricas de Amburana).
Este Cão teve a oportunidade de provar os quatro lançamentos. É incrível a influência sensorial que apenas as madeiras diferentes causam. Em certas situações – como comparando a #8 com a #10 – a impressão é que são cervejas distintas. Porém, na verdade, compartilham a mesma base. Uma Russian Imperial Stout de 11,5% de graduação alcoólica.
A versão #7, com Jaqueira, é relativamente leve, frutada e adocicada. A Odonata #8, com Jequitibá, é mais seca e floral, e adquiriu um curiosíssimo aroma enfumaçado. O Bálsamo, da #9, por sua vez, trouxe um certo hortelã, e uma espécie de amargor de madeira queimada. A Odonata #10, por fim – a preferida deste Cão – apresentou um potente aroma de anis e alcaçuz, que harmonizou perfeitamente com a base da stout.
As Odonatas serão lançadas oficialmente dia 04 de julho, no Empório Alto dos Pinheiros, em chope e garrafa. E assim como Solo, tem sido ansiosamente aguardadas. Porém, ao contrário daquele, não há nenhuma dúvida que a estréia será um absoluto sucesso.
A Disney deveria aprender uma ou duas coisas com a Dádiva.
DÁDIVA ODONATA 2018 (#7, #8, #9 e #10).
Cervejaria: Dádiva
País: Brasil
Estilo: Russian Imperial Stout
ABV: 11,5%