Mary Bobo’s Old Fashioned – Jack Daniel’s & Bacon

Lynchburg, no Tennessee, é uma cidade interessante. Apesar de seu tamanho diminuto – Lynchburg não tem muito além de sete mil habitantes – ela é destino turístico importantíssimo. E não é para ver o único semáforo instalado na cidade. É que é lá que está a mundialmente famosa destilaria do Jack Daniel’s Tennessee Whiskey.

Mas há um detalhe um pouco desconcertante. Apesar da Jack Daniel’s ser, atualmente, a maior produtora de whiskey dos Estados Unidos, quem trabalha por lá não pode beber whiskey. Acontece que Lynchburg está no condado de Moore. E há uma lei seca em vigor naquele condado, que proíbe expressamente a venda de bebida alcoólicas.

Assim, beber por lá é proibido. Mas não comer. E um dos restaurantes mais famosos da cidade é o Miss Mary Bobo’s. O lugar conta com nove salas de jantar e é capaz de atender mais de duzentas pessoas por dia. A cozinha é tradicional daquele estado americano.

No passado, o lugar fora frequentado por Jasper (“Jack”) Newton Daniel, fundador da Jack Daniel’s, até ele morrer de unha encravada. Um de seus pratos preferidos é servido até hoje no Miss Mary Bobo’s: quiabo frito com uma fatia de torta. E você que pensava que jamais ficaria com desejo de uma pratada de quiabo.

Parece bom!

Durante o campeonato Tennessee Calling, que aconteceu no dia 23 de Julho, na Arena Congonhas, em São Paulo, o Miss Mary Bobo’s foi lembrado. O restaurante foi a inspiração para um dos coquetéis do vencedor, Ricardo Bassetto. Batizado de Mary Bobo’s Old Fashioned, o coquetel tem como base o Jack Daniel’s Gentleman Jack, e utiliza a técnica de fatwashing com bacon. Ou seja – no melhor estilo “Os Vingadores”, ele une duas coisas reverenciadas pela internet.

Nas palavras de Bassetto “Me inspirei na culinária de Lynchburg e nos pratos do famoso restaurante Miss Mary Bobo’s, que fica na mesma rua da destilaria Jack Daniel’s, para desenvolver o Mary Bobo’s Old Fashioned. Usei gordura defumada (técnica fat-washing), licor de amêndoas, bitter de laranja e de chocolate, abacaxi desidratado e apresentei o drink propositalmente em um copo de conhaque, que tem a boca mais afunilada e deixa o aroma da bebida mais evidente

Este Cão, sempre preocupado que seus leitores bebam melhor, conseguiu a receita do Mary Bobo’s Old Fashioned. Porém – e como sempre – recomenda que, se puderem, experimentem o original. Ele é servido por Ricardo no D.O.T., em São Paulo.

Preparem-se, meus caros, para uma experiência até melhor do que viajar para Lynchburg. Porque, afinal, por aqui podemos beber. Tomem nota:

MARY BOBO’S OLD FASHIONED

INGREDIENTES:

  • Gentleman Jack (fat washing de bacon – vou explicar isso abaixo, calma)
  • 3 dashes (sacodidelas) de bitter artesanal de frutas cítricas
  • 3 dashes de bitter de chocolate (Bassetto usou Fee Brothers)
  • Licor de amêndoas (o mais comum no Brasil é Disaronno)
  • Fatia de abacaxi desidratado
  • Taça de conhaque (ou algo semelhante)
  • parafernália de costume para mexer
  • gelo

 PREPARO

  1. Separar a gordura do bacon e deixar em estado líquido sem ferver. Basta colocar no forno baixo, e ela se desprenderá.
  2. Misturar em um pote a gordura com o gentleman Jack e levar a geladeira por 24 horas, em seguida, com a gordura sólida novamente, separar do whiskey com uma filtragem de celulose.
  3. Colocar todos os ingredientes no mixing glass e mexer até gelar.
  4. Servir em uma taça de cognac com 1 pedra de gelo grande e pra finalizar, uma fatia de abacaxi desidratado.

6 thoughts on “Mary Bobo’s Old Fashioned – Jack Daniel’s & Bacon

  1. Cão, preciso confessar, não me cativo com facilidade, tanto por bebidas quanto por pessoas, mas você é exceção! O estilo de escrita e o gosto de parece muito com o meu, e logo, não compro mais um whisky sem passar antes por aqui! Me sinto como um padawan!
    Então um pergunta importante! Em poucos dias colarei o grau em direito, já devidamente aprovado na OAB, e ainda farei o juramento na cerimônia! todos que me conhecem bem esperam um brinde marcante com whisky, como estou habituado, logo a dúvida.. Royal Salute 21, que adoro mesmo preferindo um singles, ou King Alexander III, que ainda não provei, mas tenho fetiche por edições limitadas e aprecio o dalmore. Pode me ajudar?

    1. Meu jovem Padawan (haha!)

      Primeiro – muito obrigado! Você então deve ter bom gosto (para bebidas, não pessoas….rs)!

      Acho que o primeiro ponto é o seguinte: qual o escopo? Você quer dividir algo que aprecia para que seus amigos também gostem? Ou a ideia é apresentar algo familiar para as pessoas, que ressalte a importância do momento? Ou nada disso, você quer um whisky alinhado com seu gosto pessoal? Pergunto isso porque acho que a decisão depende da intenção.

      Minha impressão é que a maioria das pessoas preferirá o Royal Salute 21 do que o King Alexander, simplesmente por ele ser um whisky mais delicado, inofensivo. O King Alexander é um malte bem oleoso e puxado para o lado do vinho fortificado. E desacostumados poderiam defini-lo como “forte”.

      Dentro dessa faixa (generosa) de preço, eu talvez arriscaria um meio termo: O Dewar’s 25 anos. Por alguns motivos: a maioria das pessoas que não conhece whisky vê idade como sinônimo de complexidade e sabor. E um 25 estampado no rótulo impressionará. O Dewar’s 25 é também levemente puxado para o vinico – por conta da finalização em Royal Brackla – mas é bem mais delicado e floral do que o King. Em outras palavras – é um blend complexo mas democrático.

      Outra opção seria pegar algum Macallan, como o Edition No. 3 ou Sienna. Macallans costumam impressionar simplesmente por serem Macallans. E, sensorialmente, não estão longe do King Alexander – são também whiskies oleosos e frutados, em sua maioria.

      Se a ideia NÃO FOR impressionar, mas colocar uma garrafa na mesa que você realmente beberá de joelhos, vá de Dalmore. Na real – é a sua formatura, não se preocupe com as outras pessoas. rs

      Espero ter conseguiado guiá-lo para o light side, e não o empurrado para o dark.

  2. Canino Mestre! Agradeço toda atenção da resposta! E minha tréplica também é complexa, quero algo que eu goste sim, mas que agrade aos demais, e também marque o momento, então segui suas dicas! A rolha e liberada, então entreguei para a mesa um chivas 12 para os que misturam com energético..arghhh.. um Macallan selected Oak, a garrafa enorme impressiona e todos gostam, e pra dúvida um glenfiddich 12, porque adoro de coração..rs
    O brinde vou com o Dewar’s 25, para impressionar a todos com whisky que tem idade para estar se formando junto comigo, e que também me agrada, mesmo tendo esquecido dele! Você me iluminou mestre! Ainda existe um Sith dentro de mim, e um Jedi também, um blend será um brinde perfeito!

    1. Hahah fantástico, caro Padawan! Depois passe aqui para contar como foi o encontro com este lightside do mundo do whisky!

  3. Olá mestre!
    Acompanho o blog e gosto muito dos seus posts! Continue escrevendo! Heheh

    Em abril passado eu e minha esposa estivemos em Lynchburg, visitamos a destilaria e a cidade. Não sei se você já teve a oportunidade, mas é uma visita sem dúvidas memorável!
    Nós fizemos o tour guiado na destilaria, acompanhado de degustação. Então acredito que seja permitido beber na cidade (não era permito durante a lei seca). Uma outra curiosidade é que todos os funcionários da destilaria (que são poucos!) ganham uma garrafa de Old N.07 todo mês, para garantir que eles ‘conhecam com precisão’ a bebida.
    Enfim, apenas contribuindo com alguma coisa ao seu conteúdo! Abraço e bom 2019

    1. Opa, fala Daniel, tudo bem?

      Caramba, não fui ainda visitar a Jack, acredita? Preciso, está faltando no curriculo.

      Pois então, até onde sei – e confirmado por um colega que visitou – o consumo de bebida alcoolica somente pode ser feito na destilaria. E ah, não é bem que não pode beber. Não pode vender!

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