World Whisky Day – Whiskies do Mundo

Eu nem ia fazer este post, porque já fiz três vezes. Mas senti, num último minuto, que a data não podia passar em branco. Afinal, é um dos dias mais importantes do ano, que supera muito o natal, e nem se compara com o dia dos namorados. Ontem foi o World Whisky Day. Se você duvida da relevância da efeméride, só reflita: se você esquecer o dia dos namorados, provavelmente sofrerá retaliações nefastas. Esqueça o WWD e nada ocorrerá. O whisky é compreensivo e companheiro.

O World Whisky Day foi criado em 2012 por um rapaz chamado Blair Bowman. A ideia de Blair era simples: criar um dia para que as pessoas pudessem se encontrar, comemorar e descobrir mais sobre a bebida nacional da Escócia. A ideia não só deu certo, como decolou. Atualmente, o World Whisky Day é um dos dias mais importantes do ano para a cultura do whisky, juntamente com o segundo dia do whisky o International Whisky Day. Aliás, pense novamente. Dia dos namorados tem um só. Whisky tem dois. E não, Valentine’s Day é coisa de gringo, não conta.

Há uns anos, indiquei cinco whiskies para se beber com os amigos. Agora, vou indicar mais cinco, de cinco países diferentes, e com perfis sensoriais bem distintos, pra mostrar toda fauna que é o mundo do whisky. Pra evitar brigas, tirei a Escócia, mas sinto que este foi um esforço de futilidade, uma vez que Irlanda e EUA já causam bastante polêmica. Vamos à lista.

Irlanda – Jameson / Redbreast 12

É, tem dois. É que o Jameson é o único whisky irlandês a desembarcar oficialmente em nossas terras. Ele e seu irmãozinho IPA. Jameson – como você já deve saber – é um whisky leve, floral e extremamente bebível. Funciona bem em coquetéis, e, convenhamos, considerando seu preço, também é bem gostoso de se beber puro.

Mas acontece que a Irlanda tem muito mais a oferecer. E aí, minha indicação é o Redbreast. Ele é um Single Pot Still, uma categoria própria da irlanda, que define whiskies destilados em alambiques de cobre em uma única destilaria, mas que utilizam tanto cevada maltada quanto não maltada em seu mosto. O Redbreast 12 Cask Strength, da foto, além disso, é maturado em barris que antes contiveram vinho jerez e engarrafado sem diluição, o que lhe traz notas de frutas vermelhas, uvas passas e especiarias.

Brasil – Lamas The Dog’s Bollocks

Ninguém disse que essa lista tinha que ser imparcial. O Lamas The Dog’s Bollocks, como o nome sugere, é uma parceria entre a destilaria Lamas, de Minas Gerais, e este infame blog.

Nosso Dog’s Bollocks é um single malt triple-cask finished. A primeira expressão da Lamas a usar malte turfado, maturado em barris de ex bourbon e finalizado em barris de double IPA, combinado com malte não defumado finalizado em barris de rum, e malte defumado maturado em barricas que foram temperadas na destilaria com vinho moscatel brasileiro. Foram produzidas, ao todo, 500 garrafas. Desta vez, sem números individuais, para não dar briga. Ainda tem a venda no Caledonia, por pouco tempo.

Estados Unidos – Woodford Reserve Distiller’s Select

Woodford Reserve é um bourbon whiskey clássico, com uma mashbill de 72% milho, 18% centeio e 10% cevada maltada. Como todo bourbon, é maturado em barricas virgens e altamente torradas de carvalho americano. O Distiller’s Select é produzido pela destilaria Woodford Reserve, do Kentucky. Sua proprietária é a Brown-Forman Corporation, a mesma responsável pela marca de whiskey mais vendida no mundo, a Jack Daniel’s.

Mas as semelhanças terminam aí. O Woodford é um bicho bem diferente. É um bourbon extremamente equilibrado, com álcool bem integrado e muito versátil. É uma delícia para se beber puro, e fica ainda melhor em coquetéis. Aliás, tá em dúvida sobre qual bourbon usar em um drink que acabou de descobrir? Vá de Woodford.

Japão – Hakushu 12 / Akkeshi

Eu podia indicar só o Hakushu. Mas queria um whisky extremamente defumado. E se eu fizesse isso, não estaria mostrando a tamanha diversidade sensorial que tem o Japão. De toda forma, os whiskies da House of Suntory são os únicos japoneses a desembarcar oficialmente em nosso país. O Hakushu 12 é levemente defumado e traz notas florais. É equilibrado e muito elegante.

Já o Akkeshi não é. Akkeshi é uma destilaria localizada em Hokkaido, fundada em 2013. Seus whiskies são quase todos extremamente alcoolicos – de 50% pra cima – e bastante turfados. Algo bem incomum no Japão, que produz whiskies equilibrados, sem arestas pontudas. Os whiskies da Akkeshi possuem tiragem limitada, e normalmente fazem referência à época do ano em que foram engarrafados. Além de deliciosos, são quase um testemunho das constantes variações climáticas na na ilha que a abriga.

Austrália – Starward Tawny Port

A Starward é uma destilaria australiana, localizada em Melbourne. Ela foi fundada em 2007 por David Vitale, que abandonou a Lark para fundar sua própria marca. O Starward Tawny Port é um single malt edição limitada, que foi maturado exclusivamente em octaves de vinho do porto Tawny. Octaves são barricas ainda menores que quarter casks – metade delas – o que acelera bastante o processo de extração dos compostos da madeira e da bebida lá abrigada.

O Starward não está oficialmente à venda em nosso país. E pra ser sincero, não é muito fácil de achar lá fora também. Mas, com um perfil sensorial que remete a figos em calda, cravo e pimenta do reino, fica difícil não indicá-lo.

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