Greenpoint – Aral contra Dudinka

Seis amarelos no Aral contra quatro verdes em Omsk. Ou no Omsk. Tá bom, vai lá, mas vai ter troco, tô com dez na Dudinka. War era divertido, mas era um desserviço pra geografia. Se você me perguntar o que está entre a Russia e a China, vou demorar uns três minutos para lembrar do Cazaquistão. E isso, porque tem o Borat. Mas, na hora, a televisão mental projetará uma imagem do Aral. Very nice!

As horas na frente do tabuleiro criaram uma espécie de memória fotográfica falsa de como o mundo é dividido. E nem é só na Asia, não. Aquela Califórnia enorme, esticando até os Grandes Lagos, e Nova Iorque que vai até Miami não ajudam muito. Tampouco a Colômbia, que anexou todos os países do norte da América do Sul. Ou o Chile que finalmente resolveu a celeuma sobre qual melhor pisco, incorporando o Peru.

Não me dá os dados de defesa pra usar no ataque!

Aliás, falando em nova Iorque, eu aprendi geografia mundial com o War. Mas regional – mais especificamente, de Nova Iorque – com a coquetelaria. E nem foi porque eu viajei pra isso. Foi por causa do Manhattan. É que o coquetel tem infinitas variações – está quase dominando 24 territórios à sua escolha. E os bartenders teimam em batizá-los de bairros da tal “big apple”. Brooklyn e Bronx são exemplos. Há até subdivisões. O Greenpoint – tema deste post – é uma delas.

O Greenpoint, geograficamente falando, é uma sub-região do Brooklyn, famosa por galerias de arte e bares. Daí, o nome do coquetel, criado pelo bartender Michael McIlroy em 2006, no lendário Milk & Honey. Que não ficava em Greenpoint, mas, sim, no Soho. Já o Greenpoint, etilicamente falando, leva Rye Whiskey, vermute doce, Angostura Aromatic e Orange Bitters e – preparem a carteira – Chartreuse.

Ainda que seja um licor caro e difícil de ser encontrado, Chartreuse – produzido pelos monges cartuxos – é ingrediente de diversos coquetéis maravilhosos que já figuraram nestas páginas. Como o Pete’s Word, Final Ward e Campbeltown. Há duas versões do destilado: amarelo e verde. O verde tem graduação alcoólica de 55% e é um pouco mais seco. O amarelo é mais gentil e adocicado, com seus 43% de álcool. Alternativamente, pode-se comprar Génépy – que se assemelha ao Chartreuse Amarelo, é mais acessível e pode ser comprado neste link.

A proporção dos ingredientes dependerá do licor e vermute utilizados. A receita original do Greenpoint pede partes iguais de Chartreuse amarelo e vermute. Este Cão preferiu usar o verde – na verdade, era o único que tinha – e mudar um pouco as medidas, para evitar que o Chartreuse destruísse o Rye Whiskey, assim como Omsk contra o Aral. O vermute usado foi o Rosso Antico.

Dito isso, rolem seus dados e preparem-se para um coquetel que merecia dominar o mundo todo. O Greenpoint – prova também de que o Manhattan é um dos pontos de partida mais prolíficos da coquetelaria. O drink, claro. E bom, a ilha também.

GREENPOINT

INGREDIENTES

  • 60ml Rye Whiskey
  • 15ml vermute doce (Rosso Antico)
  • 10ml Chartreuse verde / 15ml chartreuse amarelo ou Génépy
  • Angostura Aromatic Bitters
  • Angostura Orange Bitters
  • Parafernália para misturar
  • Taça Coupe

PREPARO

  1. Adicione todos os coquetéis líquidos num mixing glass com bastante gelo
  2. verta para uma taça coupé
  3. aproveite para beber durante uma partida infinita de war

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