Quatro novidades no mercado de whisky brasileiro

Comprei uma geladeira nova. O compressor da minha antiga – que sobreviveu bons quinze anos – finalmente cedeu, e deu sua última vibradinha na semana passada. Assim, súbita e friamente, como somente se poderia esperar de um eletrodoméstico que gela coisas. Sem nenhum prenúncio e no meio da maior pandemia do século. Não havia muito a fazer. A assistência custaria quase o preço de um aparelho novo. Resolvi, então, procurar na internet uma substituta.

Fiquei estupefato. É incrível como a tecnologia evoluiu rápido com refrigeradores. Ainda mais pensando que a geladeira doméstica, mais ou menos como a conhecemos, foi inventada somente em 1913. E sem freezer. Este aí, levou mais bons trinta e sete anos até que fosse adaptado para o uso doméstico. Há menos de um século, a possibilidade de congelar seus víveres era uma tarefa um tanto complicada. Mas hoje, há modelos que falam com você. Que avisam pelo celular quando a porta está aberta, e quando o compartimento de cerveja está vazio e é preciso comprar mais. O que, pra mim, é absolutamente inútil, porque é sempre hora de comprar mais cerveja.

A quantidade de modelos distintos também é desconcertante. Freezer em cima, freezer embaixo, french door, freezer de um lado e geladeira do outro. Slim, baixinha, quadradinha, retrô.

Mas não foi somente o mercado de geladeiras que evoluiu. O de whiskies também. Há menos de quarenta anos, no Brasil, tínhamos poucos rótulos comercializados amplamente. White Horse, Black & White e o Glenfiddich, precursor dos single malts, eram alguns deles. Há quase meio século, era impensável um single grain japonês no Brasil. Ou um single malt produzido em terras nacionais. Atualmente, porém, tudo isso existe.

Separei aqui quatro novidades no Brasil. Mas não apenas isso, expressões inovadoras, que seria inimagináveis em nosso mercado há pouco tempo. Todos eles, cim importação oficial para nosso país. Vamis a eles.

Suntory The Chita

Esta é uma novidade oriental. O Suntory The Chita é o único single grain disponível oficialmente no Brasil. E um single grain bem especial. Seu cereal base é o milho, e a destilação acontece em quatro colunas de destilação que podem ser especificadas para produzir new-makes com diferentes oleosidades, mais ou menos congêneres. Além disso, a maturação ocorre em uma combinação de barricas – dentre elas, jerez, vinho tinto e bourbon.

Além do The Chita, a Beam-Suntory traz para nosso país mais dois produtos de seu prestigiado portfólio. o Roku Gin, já revisto por aqui, e a Haku Vodka.

Royal Salute Snow Polo Edition

O Royal Salute Snow Polo Edition faz parte de uma categoria de whiskies inédita em nosso mercado – e bem rara mesmo na Escócia. Ele é um blended grain scotch whisky, produzido somente com whiskies de grãos, em destiladores contínuos. Mas whiskies de grão bastante especiais. Seguindo a tradição da Royal Salute, o Polo Edition possui 21 anos de maturação mínima. Ele foi criado por Sandy Hyslop, diretor de blending da Chivas Regal – que, aliás, já foi entrevistado por este Cão Engarrafado.

Sensorialmente, o Royal Salute 21 Snow Polo Edition é um whisky delicado e floral, que traz notas de coco, baunilha, caramelo e frutas cítricas. É um whisky perigosamente fácil de ser bebido, com o visual e luxo tão próprios da Royal Salute.

Union Malt Turfado & Extra Turfado

Se você é um apaixonado por whiskies enfumaçados e medicinais, e se questiona por que o Brasil não tem um rótulo próprio, sua era de indagações chegou ao fim com essas novidades. O Union Malt Turfado e Extra-Turfado são duas expressões de single malts produzidos aqui no Brasil e que tem o tão delicioso aroma turfado, tão característico dos maltes escoceses.

A Union Malt é uma destilaria com mais de sessenta anos de experiência na produção de destilados, e que recentemente voltou seus olhos à produção de single malts enfumaçados. De acordo com Luciano Borsato, diretor executivo da Union os “malte turfado e extra-turfado (que são usados de base para os whiskies) são importações que fazemos do norte da Escócia, sob especificação”.

O resultado? Dois single malts brasileiros que não devem nada a muitos escoceses.

Buffalo Trace Bourbon

Novidade também na frente dos norte-americanos. O Buffalo Trace é um dos bourbons mais queridos dos Estados Unidos – e por muito tempo, dos mais pedidos no Brasil. Ele agrada a todos, tem um valor razoável, e qualidade sensorial excelente. É o tipo de whiskey que atrairá tanto o novato – graças a seu perfil adocicado e pouco apimentado – quanto o bebedor mais experiente, que busca algo com bom custo-benefício.

O Buffalo Trace Bourbon compartilha com alguns rótulos irmãos uma mashbill (receita do mosto) baixa em centeio. Ainda que a destilaria não divulgue os números exatos, um palpite educado seria menos de 10% de centeio, 10% cevada maltada e o restante milho. É a mesma receita de diversos rótulos mais sofisticados da Buffalo Trace, como o querido Eagle Rare, Stagg Jr e o sofisticado George T. Stagg. 

O Buffalo Trace é importado pela Aurora, que também traz o Southern Comofort.

8 thoughts on “Quatro novidades no mercado de whisky brasileiro

  1. Muito bom o artigo Cão! Porem fica uma dúvida no ar…qual geladeira esse cão comprou no final?

    1. HAHAHAAHHAHAA! Adriano, comprei uma da Samsung. Freezer embaixo. É ótima, mas quando coloco gelo na forma, cai tudo na carne…. ai ai ai.

  2. Ótimas notícias! Quanto mais Whiskys vierem para o Brasil melhor. Vontade de provar todos eles não faltam.

  3. Sempre leio suas publicações e aprecio muito o whisky, mas não posso consumir frequentemente por motivo financeiro mas ja degustei bulleit, chivas 12anos, red label, ballantines, bells e queria encarecidamente pedir que me enviasse uma garrafa de whisky que vc mais aprecia pra mim degustar

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