Franck’s Ultra Coffee – Café maturado em barricas de whiskey

Se você, assim como este Cão, é um apaixonado por whiskies, mas precisa de muito café para começar seu dia, aqui vai uma excelente notícia. Agora você não precisa esquecer o whiskey nem na aurora de seu dia.

Não, este não é um convite para o alcoolismo. E nem um pretexto para você beber um Irish Coffee pela manhã. É que a Franck’s Ultra Coffee, uma marca de cafés brasileira, possui uma linha chamada Barrel Aged, que tem tudo a ver com a melhor bebida do mundo.

Como o nome sugere, os cafés da linha Barrel Aged são maturados em barris de whiskey americano antes da torra. Segundo a Franck’s, no estado verde, o café captura boa parte da vanilina e lactonas do carvalho americano. Isso traz ao café notas de baunilha e coco queimado, característicos destas barricas.

Além da maturação barricas de whiskey, há também cafés sazonais, que passam por barricas de rum, tequila, cachaça Porto Morretes. Há planos de também maturar café em barris de gim da destilaria brasileira HOF.

A Franck’s Ultra Coffee é bem conhecida de muitos cervejeiros. Seus cafés já foram extensamente usados em cervejas brasileiras, como a Dogma EAP, que leva cafés maturados em barricas de single malt, e a Caravan Coffee Hype, que leva café envelhecido em barricas de bourbon.

Dogma EAP

A Franck’s Ultra Coffee foi fundada em Curitiba, em 2016. Seus cafés são comprados diretamente dos produtores – uma forma de obter grãos de melhor qualidade e remunerar melhor estes profissionais.

A marca produz também várias linhas especiais de café, como a Hop Series, infusionados a seco com lúpulo em flor. As torras são realizadas procurando o melhor potencial do grão verde e enviadas por correio logo em seguida.

Os cafés da linha Barrel Aged da Franck’s Ultra Coffee ficam excelentes em diversos métodos de preparo, como Aeropress, Prensa Franessa, V60 e mesmo um Espresso. E também funcionam muito bem se misturados. Pensando bem, talvez este seja sim um convite para preparar um belo Irish Coffee.

Dewar’s 25 – Sobre a Passagem do Tempo

 

 

Tenho pensado bastante sobre o tempo. Não o calor, frio e a chuva, porque  todo mundo sabe que esse tempo é doido, e às vezes faz frio de manhã, calor a tarde e chove a noite, e a gente sai com um guarda roupa de coisa que nem vai usar. Não me refiro a este tempo. Me refiro à passagem de segundos, minutos, horas, dias, meses e anos. Àquele tempo, tema da famosa refutação de Borges. A essência da qual somos feitos, do rio que me arrebata, do tigre que me devora, da quarta dimensão.

Esse tempo é algo interessante. Ele destrói. Nada é permanente. A passagem do tempo traz desordem, caos, decadência e degradação. Dê tempo suficiente a algo, que aquilo sempre entrará em colapso e deixará de existir. Mas nem tudo é drama. O tempo, para nós, também possui uma face reparadora. A nostalgia. A nostalgia apara as arestas pontudas da memória, e ressalta aquilo que outrora fora bom. Nossa memória tende a atenuar o sofrimento e reacender a felicidade. Deve ser alguma forma de proteção.

E não é somente com nossa lembrança que o tempo possui essa função, diremos, cosmética. Com o whisky também. A maturação dos whiskies em barris faz exatamente o que o tempo faz com a lembrança, transformando-a em nostalgia. E este é o fascínio que whiskies bastante maturados exercem. Uma promessa de suavidade, delicadeza e deleite. E é justamente isso que o Dewar’s 25 anos, expressão mais maturada do portfólio permanente da marca, oferece.

De acordo com a Dewar’s: “O Dewar’s 25 é um blended scotch whisky premium, lançado em setembro de 2017. A nova adição ao portfólio da Dewar’s sucederá o Dewar’s Signature (uma expressão sem idade declarada) como parte da dedicação e compromisso da Dewar’s em possuir declarações de idade em todas as expressões de seu portfólio.

A Dewar’s possui um vasto estoque de barris, com uma variedade intrigante de finos whiskies escoceses de malte e grãos, com 25 anos de idade ou mais. A Master Blender, Stephanie MacLeod, individualmente provou e avaliou cada barril antes de escolher quais seriam usadas para essa gota especial. Uma vez convicta de que ela tinha um perfil de sabor perfeitamente equilibrado no Dewar’s House Style, os barris especialmente selecionados eram misturados e depois colocados em barris de carvalho por um período adicional de maturação, um processo desenvolvido pela Dewar’s, conhecido como duplo envelhecimento, para adicionar mais profundidade e suavidade.”

Stephanie Macleod

Mas há um detalhe importante sobre o processo de finalização – ou melhor, maturação extra – do Dewar’s 25, tão alardeado pela marca. As barricas usadas para este último estágio foram previamente usadas pelo single malt Royal Brackla, que também faz parte da composição do Dewar’s 25 anos.  Em palavras talvez mais confusas, é um blend, que usa um single malt, e que, depois de composto, passa mais algum tempo nas barricas daquele mesmo single malt. Um belíssimo single malt – o preferido deste Cão dentro do portfólio da Dewar’s.

Parece não haver muita lógica por trás dessa finalização. Afinal, a bebida que estava no barril é a mesma que compõe o blend. Porém, há nuances nessa história. As barricas utilizadas para finalização não são, necessariamente, as mesmas que foram utilizadas para o blend. Além disso, este tempo extra de maturação, após a constituição do blend, faz com que seus componentes tornem-se mais harmônicos – é como deixar a pizza na geladeira para comer no outro dia. Ela fica mais gostosa – este é mais um benefício do tempo.

Este Cão teve o prazer de provar o Dewar’s 25 anos em uma degustação que conduziu há algum tempo, durante um evento da marca no Brasil. Na oportunidade, ele foi escolhido como o preferido do público, acompanhado de perto por seu irmão mais novo, o Dewar’s 18 anos. E ainda que não tenha provado o whisky há algum tempo ao escrever esta prova, as impressões – e anotações – perduraram. Coisas boas normalmente permanecem mais vividamente gravadas mesmo.

O Dewar’s 25 anos é um whisky bastante delicado e frutado, mas muito complexo, com pêssegos, maçã e caramelo. O final é longo e vínico. É um blend delicioso, mas que demanda uma certa atenção – e talvez tempo – para ser apreciado (normalmente, impressões boas perduram). Um bebedor mais apressado, ou um apaixonado pela intensidade que alguns single malts oferecem, poderia cair na falácia de considerá-lo um whisky singelo. Simplesmente por conta da delicadeza e equilíbrio de suas características.

Belo cenário para uma degustação

A composição exata do Dewar’s 25 anos é um segredo. Porém, como toda linha Dewar’s, podemos supor que sua maior parte leve os maltes pertencentes ao grupo Bacardi. São eles: Aberfeldy, Craigellachie, The Deveron (produzido na destilaria Macduff), Aultmore e o acima citado Royal Brackla, além, é claro, de whisky de grão. Como você sabe, porque lê o Cão Engarrafado, todos estes componentes devem ser maturados por, no mínimo, vinte e cinco anos. Sem prejuízo de haver whiskies ainda mais velhos na mistura.

Se você procura um blended whisky premium capaz de agradar a maioria dos gostos, mas ainda assim oferecer uma incrível complexidade, o Dewar’s 25 anos é uma escolha natural. Ele é um blend a ser apreciado com calma e tempo, e um perfeito acompanhante para qualquer reflexão. Inclusive sobre o tempo. Porque ainda que ele possa trazer a deterioração, é capaz também – com um auxílio de alguém talentoso – de produzir coisas extradicionarias. Como o Dewar’s 25 anos.

DEWAR’S 25 ANOS

Tipo: Blended Whisky com idade definida – 25 anos

Marca: Dewar’s

Região: N/A

ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: aroma frutado, com maçã. Vinho fortificado.

Sabor: leve e extremamente delicado. Muito equilibrado, com compota de frutas, maçã e pêssego. O final é longo e tende ao vinho fortificado.

Com água: A água torna o whisky ainda mais delicado, e ressalta a nota frutada. Porém, este Cão recomenda apreciar este aqui puro.

Preço: R$ 1.100,00 (mil e cem reais).

Mafiosa Irrefutabile – Beer Drops

“Francamente, minha cara, eu não me importo”, ou, no original “Frankly, my dear, I don’t give a damn” não é simplesmente uma demonstração de indiferença. A frase é dita por Clark Gable no celebrado E O Vento Levou (“Gone With the Wind”) para seu par amoroso, a personagem Scarlett O’Hara, vivida por Vivien Leigh. A citação, inclusive, foi eleita pelo American Film Institute (AFI) como a mais memorável de todo cinema norte-americano.

Na mesma lista, ocupando a segunda posição, está uma de O Poderoso Chefão. “I will make him an offer he can’t refuse“. Em português, “Eu vou fazer uma proposta que ele não poderá recusar” Ela é proferida por Don Vito Corleone – estrelado por Marlon Brando, caso você não saiba – durante uma visita de seu afilhado, o famoso cantor Johnnie Fontane. O artista pede a Vito que o ajude a conseguir um papel em um filme, ao que o padrinho lhe responde a célebre frase. E, bem, o que acontece em seguida está longe de ser uma proposta cordial do temido padrinho.

No filme não é uma almofadinha.

E foi com base nessa frase que a cervejaria Mafiosa – tão afiada no storytelling quanto na produção de cervejas – lançou seu novo rótulo. A Irrefutabile, que em italiano tem como significado – Che non puo essere negato – em portugês, “o que não pode ser recusado”. E esse Cão concorda. A Irrefutabile é a versão maturada em barricas da Crooner, já vista nessas páginas caninas.

Envelhecida em barris de carvalho americano por seis meses, a Irrefutabile #1 (ABV 9% / IBU 70) ganhou novo perfil sensorial, se comparada a Crooner original – uma american strong ale – destacando a baunilha, o caramelo, o coco, a madeira e uma leve acidez com toque animal de funky.

De acordo com Guilherme Matheus, sócio e cervejeiro da Mafiosa “Entre barricas de cerveja Cantillon, em Bruxelas, tem uma plaquinha com a frase ‘Le temp ne respecte pas ces qui se fait sans lui’.  Sempre gostei dessa frase” comenta  “Além de considerar que cervejas envelhecidas são uma tendência no mercado mundial, durante o desenvolvimento deste primeiro rótulo da série pude acompanhar de perto o trabalho do tempo e da madeira sobre a cerveja. E isso foi incrível.”

A Mafiosa sugere que a Irrefutable seja harmonizada com carnes assadas, de caça e cordeiro, assados ou grelhados, queijos maturados e sobremesas com caramelo. Além, claro de charutos. Aliás, em seu evento de lançamento, esteve presente também a marca Siboney, com sua linha de robustos. Os participantes tiveram a oportunidade de provar, na prática, a combinação.

A Irrefutable já está à venda em lojas especializadas, tanto em garrafas de 375ml quanto chope – estes, em quantidade bem reduzida. Então, se tiver interesse, este Cão recomenda que corra. Porque, francamente, meu caro, é impossível não se importar.

MAFIOSA IRREFUTABILE

Cervejaria: Mafiosa

País: Brasil

Estilo: American Strong Ale

ABV: 9%

Notas de Prova:

Aroma: Açúcar de confeiteiro, caramelo, leve acidez.

Sabor: Corpo e carbonatação média. Sabor de caramelo, açúcar de confeiteiro, baunilha, coco. Final longo, com alcaçuz e levemente ácido.

 

Backer Três Lobos Single Malt – Promissão

Quando nasci, meu pai tinha um Puma dourado. E desde minha mais tenra infância, eu adorava o carro. E, provavelmente, meu pai também. Porque ele ficou com o Puma por uns bons cinco anos depois de meu nascimento.  O problema é que o carro tinha apenas dois lugares, e eu – como era uma criança – não podia andar no banco da frente. O que, claro, não impedia meu pai de me colocar sentado naquele tablado duro, atrás do banco do passageiro, para dar umas voltas comigo.

Nos anos oitenta, cadeirinha, cinto de segurança e bom senso eram opcionais. E as leis da física provavelmente também, porque à medida que crescia, deixava de caber naquele – tão fascinante quanto desconfortável – espaço. Com cinco anos de idade, minha coluna vertebral descrevia a angustiante curva do vidro traseiro, e minha cabeça acompanhava, em batidinhas surdas contra o teto do carro, o péssimo asfalto da cidade.

Aprovado para crianças dos anos 80.

Para falar a verdade, não era só banco traseiro que faltava no Puma. Ele era um automóvel espartano, ainda que muito bem feito. O que, claro, o tornava ainda mais fascinante. Quando meu pai finalmente o trocou por um Monza – em que eu podia me esticar confortavelmente no assento traseiro – fiquei genuinamente decepcionado.  O Puma não era apenas um carro. Ele era um orgulho. O mais bem sucedido esportivo nacional, ainda que não o primeiro. Uma promessa da indústria automobilística nacional que, apesar de algumas louváveis tentativas – como o Lobini e o Vorax – nunca se concretizou.

Talvez uma promessa parecida no mundo do whisky, tenha acabado de aparecer. A cervejaria Backer, de Minas Gerais, acaba de lançar um single malt. O Whiskey Três Lobos Single Malt – Também conhecido como Experience. Apesar da grafia com o “e”, o whisky é produzido de acordo com a tradição escocesa. Com cevada maltada – a mesma usada em algumas cervejas da Backer – em alambiques de cobre. Alambiques, aliás, que foram construídos especialmente para a destilaria, e que se assemelham muito a seus pares escoceses.

Alambiques da Backer (foto: Gustavo Andrade)

A cervejaria Backer foi fundada em 1999 pelos irmãos Lebbos, próximo à Serra do Curral, em Minas Gerais. Atualmente, a cervejaria conta com um bar próprio – denominado Templo Cervejeiro – em Belo Horizonte, e um extenso portfólio de cervejas. Dentre elas está a Bravo American Imperial Porter, maturada em barrica de Amburana, e querida deste canídeo. Além disso, a marca lançou, junto com seu whiskey, um gim, que leva um ingrediente bem cervejeiro: lúpulo.

É uma ousadia; um novo momento para a Backer experimentar uma fatia de um setor que ainda não conhecíamos, e tenho certeza que dará muito certo. Não estamos simplesmente fazendo destilados. Estamos produzindo destilados que contêm matéria-prima cervejeira. Isso é o essencial. O nosso single malte possui características próprias, pois é destilado em pequenas panelas de cobre e feito com malte e fermento cervejeiro.“, explica Paula Lebbos, diretora da Backer.

A maturação do Três Lobos Single Malt aconteceu em barricas de carvalho americano de ex-bourbon Jim Beam, e levou cinco anos. Para o primeiro lote, foram produzidas pouco mais de cinco mil garrafas, à venda no site da Backer por R$ 180,00 (cento e oitenta reais). Ao visitar a destilaria – que fica no Templo Cervejeiro – pode-se também provar o new-make-spirit , que deu origem ao whisky.

Templo (foto: Gustavo Andrade)

Para este Cão, o Três Lobos Single Malt remonta um jovem single malt de speyside ou highlands. O aroma é frutado e adocicado, com baunilha. O sabor remete a compota de frutas, com caramelo, canela e um final de especiarias e cereais. O álcool está relativamente bem integrado para um whisky de sua idade, ainda que apareça um pouco, especialmente no aroma.

É fácil notar o esmero empregado por todos envolvidos na produção do whiskey Três Lobos Single Malt. Da embalagem ao líquido, passando pela bela identidade visual da garrafa. Sensorialmente, ele é um whisky jovem e equilibrado. Mas, acima de tudo, é um começo extraordinário para uma destilaria em um país sem muita tradição na produção de whisky. Ele é como nosso querido Puma – uma promessa.

Uma promessa que, na opinião deste Cão, já está quase concretizada.

BACKER TRÊS LOBOS SINGLE MALT

Tipo: Single Malt

Destilaria: Backer

País: Brasil

ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: frutado, com baunilha e caramelo. Quase remonta um bourbon. Um pouco alcoólico.

Sabor: Inicio frutado, com pêra e compota de frutas. Um pouco de canela. Final adodicado, com baunilha. Alcool relativamente bem integrado.

Preço: R$ 180,00 (cento e oitenta reais) na Loja Oficial da Backer.

 

*a degustação do whisky tema desta prova foi fornecida por terceiros envolvidos em sua produção. Este Cão, porém, manteve total liberdade editorial sobre o conteúdo do post.

Method and Madness Single Pot Still

Esses dias sonhei que tinha ido a uma festa, de pijama. Caso você não tenha se atentado ao artigo, deixe-me ressaltá-lo. Não uma festa do pijama, o que já seria bem estranho na minha idade. Mas uma festa convencional, só que vestindo um pijama. Aliás, um desses bem clássico, listradinho, com um calção azul marinho.

No sonho, eu parecia ser o único ciente de que estava com roupa de dormir. O que, independente da opinião alheia, me dava bastante vergonha. Tentava me convencer que podia ser pior. Que eu podia estar fantasiado. Fantasiado de frentista de filme pornô ou de Barney – o dos Flintsones, claro, não o Stinson. Mas aquilo não adiantava. É uma espécie de sentimento de reluzente inadequação.

Fiquei pensando, depois, como seria se isso acontecesse no mundo real. Se eu fosse de pijama pro trabalho, por exemplo. Imagino que as pessoas me mandariam para casa, ou me dariam algo pra vestir. Ou secretamente tirariam fotos para postar nas redes sociais. Ou, talvez, me respeitassem. Eu estaria lá, vestido confortavelmente para desafiar tradições e mostrar que eu poderia ser melhor usando pijamas.

Se elas podem, eu posso.

Talvez o pessoal da destilaria irlandesa Midleton tenha sonhado isso também. Ou talvez tenham simplesmente decidido, após uma noite bem dormida, desafiar tradições. Porque acabaram de lançar um Irish Whiskey que não é finalizado em barricas de carvalho europeu de ex-jerez. Nem ex-porto. Tampouco em carvalho americano de ex-bourbon. Ou carvalho virgem. Ou simplesmente carvalho. Ele é finalizado em (preparem-se para o choque) barricas de castanheira.

Convenientemente batizado de Method & Madness Single Pot Still, o whiskey é maturado em uma combinação de barricas de carvalho que antes contiveram vinho jerez e bourbon, para ser finalizado, por um período não divulgado, em barricas de castanheira (french chestnut, em inglês, mas para uma tradução mais exata para nós, castanha portuguesa).

Talvez você esteja em dúvida sobre o conceito. Então deixe-me abrir um parêntesis proveribal para explicar. Whiskeys irlandeses single pot still são diferentes de single malts. A denominação indica que o whisky foi destilado em alambiques de cobre, à moda dos maltes. Porém, cevada maltada e não maltada foi utilizada em sua receita – ao contrário do que seria um single malt, que utiliza apenas cevada maltada.

De volta ao Method & Madness Single Pot Still. Nas palavras da destilaria “Method & Madness (Método e Loucura) é uma marca de whiskey nascida das mentes dos mestres e aprendizes na Midleton. (…) Quando mentes colidem, criações incríveis podem surgir (…). Haverá tentativas, erros e brilhantes avanços engarrafados, que nasceram da indagação “e se?”. (…). A inovação não é novidade para o Midleton, mas a nova microdestilaria forneceu a tela de cobre para a livre experimentação. Os whiskeys que saem deste playground de destiladores proporcionam um novo sabor da história do Irish Whiskey.

Alguns whiskeys da linha Method & Madness

E sobre o lançamento  “Um single pot still maturado em barricas de castanha, uma combinação daquilo que sempre fizemos na Midleton, e o que nunca havíamos tentado antes. Não é sempre que desviamos do tradicional carvalho, mas uma pequena bebericada sugere que este desvio valeu a pena”. Aliás, a linha Method & Madness é consistente com o conceito

O Method & Madness Single Pot Still é um whisky picante, com aroma de amêndoas (ou serão castanhas?), e levemente floral. Ao experimentá-lo, me peguei em mais de um momento tentando separar, em minha cabeça, o que seria influência do tradicional carvalho e qual teria sido a contribuição da castanheira para o whiskey.

Imagino que a graça seja justamente essa. A curiosidade e a indagação. Seja como for, o Method & Madness Single Pot Still é um whiskey interessantíssimo, que vale a pena ser experimentado. E – vá por mim, eu testei – ele fica ainda melhor se você estiver usando pijamas.

METHOD & MADNESS SINGLE POT STILL IRISH WHISKEY

Tipo: Irish Whiskey

Destilaria: Midleton

País: Irlanda

ABV: 46%

Notas de prova:

Aroma: Amêndoas, floral, grama.

Sabor: Picante, com mais amêndoas (castanhas?), e um final leve de alcaçuz, bastante picante.

Gadgets de Barris de Whisky Usados

Reencarnação. Transmigração. Metempsicose. Palingênese. O desagravante conceito da vida após a morte. A crença que, de alguma forma, parte de nosso efêmero ser perdure mesmo após o derradeiro suspiro. Conceito chave em muitas religiões e, obviamente, vividamente presente neste belíssimo sincretismo religioso do povo brasileiro.

Eu, para falar a verdade, tenho minhas dúvidas. Uma vez uma mulher me parou na rua e disse que eu era a reencarnação de Winston Churchill. Eu sorri, porque claro, aquilo era quase um elogio. Mas desacreditei. Minha senhora, só sou a reencarnação de Churchill na parte do whisky, porque, como líder, sou um lixo. Não consigo nem mandar meu cachorro se aliviar no jardim, quiçá conduzir uma nação numa época bélica.

E ainda que eu duvide do conceito relacionado ao ser humano, não tenho a menor dúvida que ele se aplica ao whisky. Ou melhor, aos barris de whisky. É que, a cada ano, a Escócia deixa de utilizar mais de vinte mil barricas, que, exauridas, não conseguem mais transferir seus tão desejados sabores ao destilado. Porém, isso não significa que não possam ser utilizados de outras formas. Como, por exemplo, para decoração. Transformados em pé de mesa ou vaso de plantas, por exemplo.

Tudo Jack (foto: DrinkIT)

Mas mesmo aí há formas bem criativas e inovadoras de se reutilizar um barril que já cumpriu sua função. Juntamos aqui cinco delas. De pranchas de surfe de single malt a óculos de irish whiskeys, aí vão cinco objetos de desejo absolutos para um amante de whisky. E o melhor – feitos com o casco que dá vida à melhor bebida do mundo.

JACK DANIEL’S PERFECT GIFT GUITAR

O que traduz melhor o espírito de liberdade norte-americano incarnado pela Jack Daniel’s que não Rock n Roll? Foi com essa proposta que a mundialmente famosa marca de Tennessee Whiskey desenvolveu, em parceria com o designer Matias Flocco, de Buenos Aires, uma Guitarra especial.

O instrumento é feito com barris que foram previamente usados para maturar Jack Daniel’s, e faz parte de um projeto semelhante àquele da Glenmorangie, que conta também com uma prancha e uma bicicleta.

Nas palavras de Luiz Schmidt, diretor de Marketing da Brown Forman para a América do Sul “Cada um desses barris conta um pouco de nossa história, revela nossa essência e diz como acreditamos que o nosso jeito de fazer whiskey pode até não ser o mais fácil, mas é o jeito Jack, feito da mesma forma e na mesma destilaria há mais de 150 anos

TOCA DISCOS LINN E HIGHLAND PARK

Talvez você goste daquele programa clichê, que envolve jazz, vinil e um bom single malt. Não há nada de errado com isso. Clichês são assim porque realmente funcionam. Adicione um charuto, então, que você será o maior lugar comum do mundo. Mas certamente um bem satisfeito.

Sabendo deste – delicioso – hábito, a destilaria Highland Park firmou uma parceria com a Linn, famosa marca de aparelhos de som de luxo, para produzir um toca-discos que utiliza barricas de carvalho espanhol de ex-jerez, que maturaram o single malt. Junto com ela, o afortunado (literalmente) comprador, leva ainda uma garrafa de Highland Park 40 anos.

O preço total da brincadeira é 25.000,00 libras. Isso que é um clichê caro.

GLENMORANGIE SURFBOARD

A prancha da Glenmorangie leva a frase “surfar na onda dos single malts” a um nível completamente novo. Ela é uma parceria entre a destilaria e a Grain Sufboards, da cidade de Maine, nos Estados Unidos, e faz parte de um projeto chamado Beyond The Cask, que usa barricas exauridas de forma criativa.

Cada uma das pranchas usa 12 ripas de barricas previamente usadas pela Glenmorangie para maturar seu whisky, além de um revestimento especial de madeira de cedro. O preço, porém, é tão salgado quanto o mar em que ela será colocada. U$ 5.500,00 cada.

 

ÓCULOS SHWOOD E BUSHMILLS

Se você ficou de ressaca mas não quer largar o whiskey nem por algumas horas, aqui está a solução de seus problemas. Óculos escuros da marca american Shwood, feitas em parceria com a destilaria irlandesa Bushmills.

Os óculos escuros são feitos com barricas de carvalho americano de mais de cem anos, que foram utilizadas para maturar Bushmills. E, para completar, lentes escuras Carl Zeiss. O preço deste verdadeiro escudo conta a fotofobia trazida pela veisalgia é U$ 225,00.

AMPLIFICADOR FENDER 80 PROOF BLUES JUNIOR

Realmente, a música é a melhor harmonização para um bom whisky. Num espírito semelhante àquele da Jack Daniel’s, a mítica Fender produziu uma edição limitada de amplificadores, com barricas de bourbon usadas, garimpadas de diversas destilarias. São apenas cem peças no mundo todo.

De acordo com a Fender, assim como acontece com barricas, não há dois amplificadores visualmente idênticos. As marcas características das barricas usadas ficam à mostra. E quando ligado e propriamente aquecido, é até possível sentir o aroma do whisky emanando dos poros do carvalho.

O preço desta aromática e musical peça? U$ 1.999,00.

 

Drops – Bowmore Feis Ile 2008

Você sabe o que é a Feis Ile? Feis ile é a maior festa anual da ilha de Islay, famosa pela produção dos whiskies turfados. Feis Ile celebra a cultura de Islay. Há aulas de gaélico, peças tradicionais, campeonatos de golfe e boliche e infinitas degustações de whisky. Há também uma miríade de atividades curiosas. Como, por exemplo, observação pública de aves e campeonato de pesca com mosca, além de shows de grupos de folk-rock. Mas nada disso é muito importante. O importante são as garrafas comemorativas.

Para a Feis Ile, as destilarias de Islay costumam lançar edições limitadas comemorativas, muitíssimo concorridas por colecionadores – e por certas lojas, que preferem comprar direto da fonte e guardar as garrafas, para que valorizem. Por conta disso, durante a festa, a ilha é invadida por centenas de turistas e entusiastas da melhor bebida do mundo. Alguns chegam a acampar do lado de fora das destilarias para ter a chance de colocar as mãos em uma dessas edições.

Outros, porém, tem mais sorte. Graças à generosa insanidade da Single Malt Brasil este Cão teve a oportunidade de provar uma dessas singelas jóias. O Bowmore Feis Ile 2008, servido em uma degustação no Rio de Janeiro.

O Bowmore Feis Ile foi destilado exatamente em 14 de junho de 1999, e engarrafado ainda jovem – com oito aninhos – para a Feis Ile de 2008. Foram produzidas oitocentas garrafas numeradas, com a estonteante (literalmente) graduação alcoólica de 57,4%. Sua maturação aconteceu exclusivamente em barricas de carvalho europeu da região de Limousin, algumas das mais caras e concorridas barricas da indústria do whisky.

Aliás, a Bowmore é famosa justamente por conta de sua maturação em uma extensa variedade de barricas. Há carvalho americano, carvalho europeu e até mesmo carvalho japonês, conhecido como Mizunara. A destilaria é bem conhecida por saber equilibrar com maestria o sabor enfumaçado com a influência vínica do porto e jerez. Uma técnica bem difícil, já que o sabor de vinho fortificado briga com o defumado da turfa. Inclusive, uma das maiores atrações da Bowmore  são seus armazéns – especialmente aquele conhecido como No.1 Vaults é o mais antigo da Escócia inteira, datado de 1779.

Nesse dungeon eu entro (fonte: http://cocktailchem.blogspot.com.br)

O Bowmore Feis Ile 2008 é um whisky bastante picante e enfumaçado, com um claro aroma cítrico, de laranja. O sabor é picante, enfumaçado e frutado, com laranja lima e passas. É incrível como um whisky jovem como ele pode desenvolver uma complexidade como esta. Mérito do destilado da Bowmore, da cuidadosa maturação e da qualidade superior de suas barricas. E prova de que whiskies com pouca idade podem facilmente superar aqueles muito maturados, dependendo de seu perfil de sabor.

Parece óbvio, mas, infelizmente, o Bowmore Feis Ile não está disponível em nosso país. Aliás, nenhum Bowmore está. Mas se quiser saber um pouco mais sobre essa – que na opinião deste Cão é uma das mais incríveis destilarias de toda Escócia – clique aqui.

BOWMORE FEIS ILE 2008

Tipo: Single Malt com idade definida – 8 anos.

Destilaria: Bowmore

Região: Islay

ABV: 57,4%

Notas de prova:

Aroma: turfado e defumado, com laranja lima e limão siciliano.

Sabor: Início picante e enfumaçado, que rapidamente se desenvolve para frutado e cítrico, com laranja lima e passas. O final é longo e enfumaçado.

Com Água: Adicionar água torna o whisky menos agressivo e o torna ainda mais cítrico.

 

 

Cocktail à La Louisiane – Da Rivalidade

 

Rivalidade. Este sentimento de inquieta e prolongada animosidade. Certas rivalidades podem ser apenas destruidoras. Outras, porém, se mostram bastante benéficas, e trazem avanços que jamais existiriam, não fosse a insaciável vontade de superar o rival. Um exemplo clássico é a Guerra das Correntes – protagonizada por Nikola Tesla e Thomas Edison.

Esta (literalmente) eletrificante rivalidade começou no ano de 1884, quando um jovem Nikola Tesla passa a trabalhar no renomado laboratório de Thomas Edison. Que, caso você não saiba, foi o cara que inventou a corrente elétrica contínua (DC), a lâmpada incandescente e uma porrada de ógrafos e cópios, como o fonógrafo, o vitascópio e o mimeógrafo.

Um ano depois apenas, Tesla se demitiu para começar sua própria empresa elétrica. Fundeado por um banqueiro chamado George Westinghouse, o inventor propôs que o sistema padrão para trazer luz à nação norte-americana deveria ser o de corrente alternada (AC), e não contínua, que era o vigente, e cuja patente era detida por Edison.

Em 1903 – temeroso de perder os proventos de sua patente – Edison lançou uma campanha publicitária para promover a corrente contínua. Em uma de suas demonstrações, o inventor eletrocutou um elefante chamado Topsy utilizando corrente alternada, para mostrar seus riscos. O que – na opinião deste cão – dá na mesma que moer a mão de alguém num moinho de café para mostrar que cafeína faz mal.

Rivalidade em “Alta Voltagem”.

A campanha de Edison não funcionou, e, aos poucos, a corrente contínua foi substituída pela alternada. Mas a corrida para encontrar o melhor modelo para iluminar os Estados Unidos trouxe enormes benefícios. E a troca do sistema permitiu que a eletricidade pudesse chegar mais facilmente a locais mais remotos, e alavancou o avanço tecnológico daquele tempo.

Outra animosidade bem benéfica aconteceu em Nova Orleans – ou New Orleans, se preferir – na década de vinte do século XX. A cidade possuía dois belíssimos hotéis, com notáveis bares: o Monteleone e o La Louisiane. O primeiro criara o clássico Vieux Carré, coquetel que hoje figura entre os mais conhecidos de todo mundo.

O La Louisiane, porém, sentiu que – para não ficar para trás – deveria também criar um coquetel autoral. O resultado foi o Cocktail à La Louisiane. Talvez criatividade em nomear coisas não fosse o forte deles. Mas isso não importava, porque misturar bebidas certamente era.

Cartaz do hotel La Louisiane

Por algum motivo que foge à luz (viu o que eu fiz aqui?) o Cocktail à La Louisiane jamais atingiu o prestígio internacional de seu rival. Sua primeira aparição foi no Famous New Orleans Drinks and How to Mix ‘Em, de Stanley Clisby Arthur. Mais tarde, o coquetel figurou também no The PDT Cocktail Book, de Jim Meehan e Chris Gall. Ao longo de seu percurso, também ganhou uma variação em seu nome: De La Louisiane.

O Cocktail à La Louisiane pode ser considerada um híbrido entre o Vieux Carré e o Sazerac. E assim como seus conterrâneos, leva os tão famosos Peychaud’s bitters, produzidos na cidade. A receita original pedia partes iguais de rye whiskey, vermute tinto e Benedictine. Essa receita que foi reproduzida no livro de Stanley.

Porém, a versão do The PDT Cocktail Book pedia um sensível aumento na dose de whiskey, de forma a balancear o dulçor trazido pelo Benedictine. E é essa a receita que ensinarei por aqui. Porém, caros leitores, se desejarem mexer na proporção, sintam-se à vontade. Aqui não há rivalidade. Apenas a incessante busca pelo coquetel que mais agradará seu paladar.

COCKTAIL A LA LOUISIANE

INGREDIENTES

  • 2 partes de rye whiskey (é, eu sei, o único que temos no Brasil é o Wild Turkey 101 Rye, e é difícil de conseguir. Recentemente recebemos um lote de Wild Turkey Rye com ABV mais baixo. Pode substituir por um desses, ou por algum bourbon com alta concentração de centeio na mashbill, como Bulleit)
  • 1/2 parte de vermute tinto (este Cão utilizou o Miró Etiqueta Negra)
  • 1/2 parte de Benedictine (se não tiver, substitua por Drambuie, mas tenha em mente que o coquetel ficará mais spicy e doce)
  • 3 dashes de Peychaud’s (se não tiver, vá sem)
  • 2 dashes de absinto
  • cereja maraschino, de guarnição (vou deixar isso opcional, antes que você, prezado, coloque uma cereja de chuchu no seu drink).

PREPARO:

  1. Use o absinto para untar a taça. Descarte o excesso (eu sei que você vai descartar na sua boca. Vá em frente).
  2. Adicione, em um mixing glass, bastante gelo e os demais ingredientes líquidos. Mexa por aproximadamente cinco segundos.
  3. Com o auxílio de um strainer, coe a mistura e desça em uma taça coupé.
  4. finalize com a cereja maraschino.

Temos nosso próprio copo – Glencairn Glass

Você sabia que o whisky possui seu próprio copo oficial de degustação? É o Glencairn Glass.

O Glencairn Whisky Glass partiu de um projeto desenvolvido por Raymond Davidson há mais de vinte e cinco anos. O sonho de Raymond era criar um copo próprio, símbolo da bebida escocesa, e absolutamente perfeito para oferecer a melhor e mais equilibrada experiência sensorial com whisky.

Porém, após desenhar o copo, Raymond interrompeu seu projeto. O desenho do copo perfeito para a melhor bebida do mundo permaneceu arquivado por mais de 25 anos, até que os filhos de Raymond – Paul e Scott – o reativaram.

A pedidos destes, o design do copo foi então aprimorado pelos master blenders das cinco maiores companhias de whisky no mercado mundial. Estes peritos, cuja profissão demanda sentir o aroma de dezenas de whiskies por dia, sugeriram mudanças para tornar seu formato perfeito. E o resultado foi o Glencairn Glass.

O Glencairn Glass permite apreciar todos os sabores e aromas do whisky. Ele não ressalta qualquer característica específica, mas potencializa o conjunto de elementos que formam a bebida. Eles são excelentes para qualquer single malt, blended whisky, irish whisky ou mesmo bourbon. Suas bordas estreitas concentram os aromas, e permitem perceber todas as nuances do whisky.

Hoje, o Glencairn Glass pode ser encontrado em praticamente todas as destilarias da Escócia, Irlanda e Gales, além de boa parte dos Estados Unidos. A Glencairn Crystal recebeu o Queen Award por ele – um dos mais importantes prêmios para negócios no Reino Unido.

Até o príncipe Charles tem um.

E agora você, querido leitor, poderá desfrutar deste lindo copo no conforto de sua residência. E ainda demonstrar todo seu amor por este infame blog etílico. É que o Cão Engarrafado, em parceria com a Single Malt Brasil, trouxe uma edição limitada deste belíssimo vasilhame, gravado com a – um tanto singela – logomarca do Cão Engarrafado.

O Glencairn Glass do Cão Engarrafado vem com embalagem e uma charmosa tampinha, que serve para duas coisas. Uma delas é preservar por mais tempo os aromas mais delicados dos whiskies, após serem servidos. E a outra é fazer com que você pareça sofisticado e elegante ao tirar a tampinha e dar uma fungada na bebida.

Para comprar um belíssimo exemplar deste recipiente, clique aqui, ou acesse o website da lojadewhisky.com.br e procure na aba “taças / copos”. Há também outros modelos, sem gravação do Cão Engarrafado, se preferir. Tudo bem, pode ir em frente – eu não vou ficar sabendo.

Degustação com Robin Coupar – Global Brand Ambassador Wild Turkey

 

Quinta-feira, 14:30. Três taças de whiskey posicionadas à minha frente. Na sala contígua, bartenders preparam coquetéis com whiskey para convidados – entre eles, uma espécie de smash, criado por Paulo Freitas, embaixador brasileiro de Wild Turkey e Campari. Dado o horário e a assemblage etílica, este não é um dia normal de trabalho.

É que Robin Coupar, embaixador global da Wild Turkey, esteve no Brasil para uma série de degustações da marca, e este Cão teve o prazer de participar de uma delas. Durante a apresentação, Robin – que é escocês e apaixonado por tudo relacionado a whisky – contou alguns detalhes sobre a história e produção de Wild Turkey.

As degustações fazem parte do concurso Behind The Barrel, que contou com 30 participantes brasileiros. A competição é um convite do bourbon Wild Turkey, marca do Campari Group para que bartenders criem um “Coquetel Verdadeiramente Seu”, utilizando Wild Turkey 101.

Not your regular thursday

Uma das características mais interessantes é a pouca diluição. O produto da destilação – o white dog – entra nas barricas quase com a força que sai dos destiladores contínuos. Isso faz com que o sabor trazido pela mashbill do whiskey fique mais evidente, mesmo depois de totalmente maturado.

Durante o evento, tivemos a oportunidade de provar três whiskeys do portfóio da marca. O Wild Turkey Bourbon  (anteriormente conhecido como Wild Turkey 81), o Wild Turkey 101 e o Wild Turkey Rye. Este último, uma versão com graduação alcoólica reduzida do conhecido 101 Rye, já revisto aqui.

Robin explicou que a mashbill do Wild Turkey Bourbon e seu irmão 101 é a mesma. Como todo bourbon, há predominância de milho. A diferença entre os dois está na graduação alcoólica e na maturação média, que é maior na versão mais etílica. No caso do 101 Rye, naturalmente, a mashbill muda, e o cereal predominante passa a ser o centeio.

Robin, pensando sobre whiskey.

O embaixador também mostrou como todo processo de fabricação do Wild Turkey é feito, ainda, de forma artesanal e supervisionado por Eddie e Jimmy Russell, gerentes e master distillers da Wild Turkey, que somam mais de noventa anos de experiência no processo de fabricação de bourbon.

Por fim, uma surpresa. Fomos presenteados com uma dose de Russell’s Reserve Single Barrel, um bourbon whiskey produzido pela Wild Turkey em quantidades limitadas, com 55% de graduação alcoólica, e proveniente de barricas especialmente selecionadas por sua qualidade e maturação.

Realmente, aquele estava longe de ser um dia normal de trabalho.