(mais) quatro whiskies que fazem falta no Brasil

Esta é a segunda edição de um post sobre whiskies que fazem muita falta no Brasil. Para ler a primeira edição, clique aqui .


Talvez o momento atual, com um virus que tirou do Aedes Aegypti o monopólio sobre o apocalipse, não seja o ideal pra contar isso. Mas eu adoro viajar. E apaixonado por whiskies e comida que sou, uma das coisas que mais me fascina é a gastronomia.

Amo descobrir novos sabores e juro que não há quase nada que eu não provaria. No Peru – quando viajei no ano passado – por exemplo, a primeira coisa que eu resolvi experimentar foi cuy. Que por aqui é conhecido como o fofinho e amável porquinho da índia. É uma iguaria no país, e restaurantes bem conceituados servem o prato. No final, me decepcionei. Tem gosto de frango, e eu detesto frango. Mas a experiência valeu a pena.

Outra coisa que eles tem por lá são refrigerantes diferentes. Mais ou menos a mesma história das tubaínas por aqui, mas alguns são bem grandes e famosos. O maior deles é a Inca Kola. Se eu pudesse definir o que é a Inca Kola, em uma frase, eu diria que ela tem o gosto da cor. E a cor é um verde quase radioativo. Detestei Inca Kola. Mas a Cã, por outro lado, adorou. Gostou tanto que descobriu um restaurante em São Paulo que tem o refrigerante, e comprou uma dúzia de garrafinhas.

Eca.

Quando voltei para casa, não senti a mais rasa falta de porquinho da índia ou Inca Kola. Por outro lado, já me vi nostálgico de certos whiskies que provei em outras viagens – como quando estive na Escócia – e oportunidades. Enumerei alguns abaixo, num exercício que, se fosse um pouco mais sensível, teria feito brotar lágrimas de saudades.

Bowmore

Olha, eu tenho que assumir que coloquei Bowmore na lista por uma questão um tanto egoísta. Sou apaixonado pela destilaria e acho injusto que tenha que passar vontade. Mas, além disso, há outros bons motivos para termos este clássico de Islay por aqui.

Primeiro, a Bowmore pertence à Beam-Suntory, que já importa alguns rótulos pertencentes a ela para cá, como, por exemplo, os Laphroaig – além, claro, do onipresente Teacher’s, que agora é engarrafado lá na Escócia. Isso sem falar dos whiskies japoneses, que já passaram férias em nosso país.

Em segundo, porque poucas destilarias conseguem equilibrar tão bem o sabor enfumaçado e medicinal com a influência de barricas de vinho, especialmente ex-jerez. E, aqui no Brasil, não há nenhum single malt defumado com influência vínica.

Highland Park

Highland Park é uma das mais cobiçadas marcas de single malt escocês. Sensorialmente, se aproximam do Talisker, mas tendem a ser mais intensos. São apenas levemente enfumaçados, bastante oleosos e com maturação aparente. A maioria dos rótulos passa por alguma barrica de carvalho europeu.

A destilaria Highland Park pertence ao Edrington Group, que também é proprietário da popstar The Macallan e da Glenturret, coração do Famous Grouse. Por aqui, boa parte dos rótulos do grupo são trazidos pela importadora Aurora. Porém, o único single malt que desembarca é The Macallan – que é um sucesso estrondoso. Talvez seja hora de diversificar!

(qualquer outro) Rye Whiskey

Ryes são avistamentos frequentes fora de nosso país. Afinal, são a espinha dorsal de boa parte da coquetelaria com whisk(e)y – o Sazerac, Vieux Carré e La Louisiane são exemplos. Porém, aqui no Brasil, o único rótulo que temos é o Wild Turkey Rye. Que é um whiskey bem feito, apesar da graduação alcoólica baixa, que às vezes atrapalha ao elaborar receitas.

Porém, não seria nenhum sacrifício ter mais opções. Quiçá o Jack Daniel’s Rye, ou o Bulleit Rye, ou o clássico dos clássicos, Sazerac Rye.

Aberlour

Encontrar um whisky com bom custo-benefício e que tenha estagiado em barricas de vinho ex-jerez espanhol não é nada fácil por aqui. Os rótulos mais óbvios são o The Macallan Double Cask e Dalmore 12. Mas ambos custam mais de meio milhar de reais. O recém-chegado Tamnavulin também é uma boa opção, mas infrequente.

Fora do Brasil, os Aberlour são um oásis do estilo. A destilaria se especializou em produzir maltes maturados em barricas de vinho jerez, e transformou isso em uma assinatura. São single malts profundos, intensos, carregados de especiarias, pimenta e taninos. Perfeitos para acompanhar um belo charuto.

A Aberlour pertence atualmente à Pernod-Ricard, detentora também das marcas Chivas Regal, Jameson e Royal Salute. A multinacional possui mais de dez destilarias na Escócia, mas a única que chega ao Brasil é sua campeã de vendas. A Glenlivet.

8 thoughts on “(mais) quatro whiskies que fazem falta no Brasil

  1. Como seria uma comparação entre o Aberlour e o Tamnavulin? Esse último eu tenho mas ainda não abri. Talvez eu deva tomar após o café como vc escreveu no post do Balvenie. Rsrsrs.

    1. Marcos, eles tem um perfil de sabor próximo. Acho o Tamnavulin mais puxado para o açúcar mascavo, e tem uma nota de especiarias (cravo?!) que o Aberlour nao tem. O aberlour me lembra um pouquinho chocolate. Mas posso estar viajando

  2. Olha mestre, sinto muita falta de opções aqui em nossas terras.
    Concordo plenamente com sua lista e acredito que pelo menos os clássicos de cada destilarias podiam vir pra cá. Bownmore 15 e 18yo por exemplo.
    Gostaria muito que Lagavulin 16yo viesse e também mais alguma expressão do Ardbeg.
    Abraço.

  3. o whisky que experimentei e não tem no Brasil, nunca achei aqui em lugar nenhum é o Four Roses

  4. Olá, Maurício!

    Eu sinto muita falta de ter opção de Rye, principalmente quando vou criar um cocktail ou reproduzir um clássico. Mas, admito que se só chegasse o Jack Daniels Rye eu ia continuar com o Wild Turkey, no meu paladar o Jack Rye tem um sabor muito forte de banana que me incomoda um pouco.
    Abraço!

    1. Flaivnha, tudo bom? Como está o Mexico?

      Olha, devo dizer que eu tenho minhas duvidas. Jack é uma marca muito forte, e o Rye deles é um produto decente. Acho dificil de brigar, aliando o mkt ao sensorial do produto. Mas, amo o Wild Turkey Rye tbm!

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